segunda-feira, 2 de maio de 2011

O elogio

Então, passei cerca de um mês, um mês e pouco, protelando o assunto "críticas a autores iniciantes". É assim: nos últimos tempos venho descobrindo cada vez mais blogs que fazem resenhas de livros; muitas vezes de escritores que recorreram à publicação independente e às vezes fazem até resenha de livros à guisa de publicação por uma editora de maior vulto. Dão apoio, comentam o que acharam de bom [e muitas vezes omitem o que não estava muito okay], dizem que torcem muito pelo livro nas prateleiras, go for it!

Tudo muito legal e bonito, elogioso e fofo. Todo mundo ama receber um elogio [ou muitos!] por algo que fez. Nosso ego fica mais inflado que balão em forma de boneco da Michelin.



Mas, parece que todo mundo esquece que também existem as críticas, e que por mais que digam "as críticas não me abalam!", elas abalam sim. Mesmo que a gente não sinta ou queira fingir que não. E parece que escritor [principalmente o que chegou na área ontem, especifiquemos] é um bichinho que se abala com uma certa facilidade, vamos combinar. Se um elogio pode criar amizades muito legais; uma crítica [mesmo que seja um simples "você cometeu um erro de digitação" ou "essa passagem ficou confusa"] pode gerar uma inimizade de morte. Quase tudo é levado para o campo pessoal nessa terra, principalmente no time dos que recorreram ao self-publishing way of life.

Comecei a pensar nisso tudo depois que vi uma moça de nome Jacqueline Howett responder a uma resenha negativa de seu livro lançado no Kindle Store. A resenha dava conta de um festival de erros gramaticais e passagens confusas, logo, ganhou duas estrelinhas. E em vez de dar uma revisada, ela foi discutir. No fim da história, ela mandou um recado singelo, que poderia ser traduzido por aquele hit do youtube da Cris Nicolotti. É, esse mesmo.

Foi assim que a autora gringa jogou uma dúzia de pás de cal no nome dela, que pouca gente conhecia antes do escândalo. Aqui em terra brasilis, ainda não vi muita gente criticando livros e o autor indo se defender. Já vi a mãe indo defender a filha autora de um livro teen, enfim... O que vejo mesmo, e de montão, é livro publicado independentemente na Internet sendo vendido por quantias entre 30 e 40 contos com erros berrantes de concordância, pontuação e ortografia, que nunca são consertados. Assim não tem mil resenhas que ajudem a levantar a moral da classe, não é mesmo, minha gente?

Já dizia um pagode aí: "todo mundo erra sempre, todo mundo vai errar..." No meu livro publicado via web, errei: coloquei "charuto" no lugar de "cachimbo" e "comparar" no lugar de "comprar" [mas já consertei, um abraço]. Ter essas coisas detectadas por uma terceira pessoa não deveria ofender, deveria fazer a gente correr pra revisão. O mesmo para os erros de construção de frases. Todo o cuidado é pouco, e quem não tem o suporte de editora parece ser cobrado dupla ou até mesmo triplamente. Logo, deveríamos todos nós deixar de melindres, apanhar essas observações e cuidar para que não se repita. E as pessoas que levam a coisa a ferro e fogo, em nível de ofensa pessoal, deviam deixar o play e voltar para a varandinha - geralmente são aquelas que tem um ego de balão da Michelin; logo, se acham o mentol do creme dental e não devem durar muito.

Agora se a bronca é que o leitor não gostou da história que você criou, se não se identificou... Relaxe, amiguinho. Isso acontece. Minha mãe não curtiu muito a minha história protagonizada por uma ex-matadora de aluguel; e nem por isso fiquei de mal com a coroa; não fazia o estilo dela mesmo [já romances melados ela ADORA!].  Para concluir esse papo [que ainda dá muito pano pra manga], fiquemos com uma frase que não lembro a quem foi atribuída: "Se nem Jesus Cristo agradou todo mundo, não É eu quem vai agradar."

Um comentário:

  1. Auto crítica é fundamental.

    Falo isso de cadeira, porque sou chato com os meus textos e dificilmente olho pra eles e digo "tá lindo!".

    O importante é ter o mínimo de humildade (seja você profissa, aspirante ou iniciante) pra receber as críticas e aprender a separar as negativas, as gratuitamente esculhambativas e as construtivas - que se, bem colocadas, podem te ajudar e muito.

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