segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Homem de Firma


[a.k.a "Meu príncipe não vem num cavalo branco, vem num ônibus fretado mesmo"]

Eu poderia começar esse texto falando em detalhes sobre os benefícios e os problemas que o crescimento industrial trouxe para Pernambuco, poderia gastar umas boas linhas falando do trânsito caótico, do excesso de gente, dos alugueis exorbitantes, do tanto de gente procurando estudar inglês por causa do trabalho com o pessoal estrangeiro que volta e meia aparece [venham, alunos, venham! hahaha]. Mas o tema mesmo do texto é esse do título, esse novo exemplar de homem que baixou aqui na vizinhança junto com o progresso econômico: O "homem de firma".

Os "homens de firma" chegaram quase de repente, vindos de outras cidades e estados [meia Bahia deve ter se mudado para cá, sério!], a maioria deixando mulheres e filhos para trás, ocupando várias casas disponíveis para aluguel e alguns alojamentos das empresas; lotando os shows de Rogério Som no pátio de eventos do Mercadão, e deixando as mulheres louquinhas.

Sim! Quando os trabalhadores chegaram, uma boa parte das mulheres dessa terra agiram como se nunca tivessem visto homem na vida. Na verdade a gente nunca viu mesmo tanto homem reunido num lugar só. Elas simplesmente não resistiram àqueles sujeitos que de segunda a sexta-feira circulam de uniforme cinza e aos sábados e domingos exibem seus corpos musculosos e tatuados enquanto tomam uma cerveja no portão de casa ouvindo Asas Morenas via som do carro do vizinho [ou um cantor de brega que eu não sei o nome mas regravou a 123ª versão de entra na minha casa, entra na minha vida]. Quando dei por mim, tinha uma fila de mulheres das mais variadas idades que chegava até a porta da minha casa querendo conhecer os doze baianos que haviam se tornado meus vizinhos da direita. Ah, algumas casadas, vale ressaltar.

De um ano para cá, já aconteceu muita coisa que dava para criar episódios de série, mas por enquanto só está recheando o noticiário policial ou a rádio vizinhança: já teve forasteiro levando bala por ter passado a mão na bunda de mulher casada em boteco na praia; mulheres fazendo ringue de lama na porta da minha casa por causa de homem [só que sem a lama, e só esse episódio já rendia um post inteiro!]; mulher indo atacar a outra às cinco da manhã por causa de homem. Mães e avós com medo de deixar suas meninas mal saídas da infância soltas por aí, com medo de vê-las cair na lábia do "homem de firma".

A revolução na libido da mulherada foi tão grande que até uma conhecida nossa, dezesseis anos depois de engravidar e ser abandonada; e ter jurado nunca mais querer saber de homem de qualidade nenhuma, acabou se rendendo ao borogodó do "homem de firma". Um dia, o romance acabou, ela arrumou outro namorado; depois voltou pro namorado baiano e... PÁ! Engravidou de novo. Até o presente momento ninguém, nem ela mesma, sabe quem é o pai; mas já tem um método para decifrar o mistério da paternidade: se nascer negro, é do ex-namorado baiano; se nascer branquinho, é do outro [palavras da própria, juro!]. Com essa teoria que ela crê ser infalível, o pobre bebê pode acabar ficando com um "pai desconhecido" no registro de nascimento: um dia o baiano vai voltar pra casa e talvez o outro, nascido e criado por essas bandas, não queira registrar o bebê que pode ser filho de outro.

E vai ser só o primeiro. Ontem "os filhos de Suape", crianças geradas graças à atração fatal gerada pelo uniforme cinza do Estaleiro, ganharam os jornais. Mães bem novinhas, que veem o seu príncipe encantado chegar num ônibus de firma e, quase sempre, partir [sozinho como veio] em um ônibus interestadual, as deixando com uma desilusão, um filho no braço [que a maioria se recusa a reconhecer] ou alguma DST. Um fim bem sombrio para uma história que começa como uma excitante "caça ao forasteiro para chamar de seu", não é?

Mas as aspirantes a princesas esquecem de tudo o que pode acontecer no fim da história. Elas não ouvem as vozes que dizem "esse cara vai te dar um pé na bunda". Elas sempre acham que vai ser diferente e que a história delas terá um "e foram felizes para sempre".

Será?

4 comentários:

  1. Confesso que eu não entendo essa mulherada desesperada. Sério! Não sei como é esse raciocínio de ter que agarrar/casar com um caboclo de qualquer forma. Ri demais com o post e fiquei imaginando as situações haha

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  2. Pois é: eu também não entendo... o.O

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  3. hilário, mas realista... o que tem de mulher por aí justificando o seu post, nem vou comentar, rs... parabéns pela observação!

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  4. achei uma gay fantasy e depois vi que não mudou quase nada...hoje as alunas jogam-se nos alunos que podem escolher....claro que eles escolhem aquela que não deu bola pra eles...sem juízo de valor, mas um pouco menos, é só o que eu digo às afoitas.

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