segunda-feira, 5 de abril de 2010

Vinte e um anos sem Lauro Corona.


Ontem, perdido na madrugada, acabei parando no Canal Brasil, que passava o filme Bete Balanço. Lançado em 1984, tem no elenco Débora Bloch, Cazuza e...Lauro Corona. Se estivesse vivo, Lauro completaria, no próximo dia 06 de julho, 53 anos. Não consigo imaginar esse rapaz aí ao lado com essa idade.
Lauro nos deixou no auge de sua vida e de sua carreira, interpretando um tipo inesquecível na tv, o português Manuel Vítor na novela Vida Nova (1988/1989) de Benedito Ruy Barbosa. Durante a trajetória da novela, Lauro teve de se afastar algumas vezes devido à saúde e, quase ao final, seu abatimento era impressionante. Numa belíssima e triste cena dirigida por Luiz Fernando Carvalho, Manuel Vítor saía da novela. Dentro de um carro, com a chuva caindo em uma noite escura, Manuel declamava em off, um poema de Fernando Pessoa. Ali Lauro se despedia da novela, da arte e dos seus fãs.
Mesmo assim, é impossível levar de Lauro Corona essa imagem tão triste. Lauro era aquilo que chamam de "uma pessoa solar". Irradiava seu brilho em todos os trabalhos, entrevistas, fotos. Talvez por seu jeito de menino, ou por seus brilhantes olhos claros, ou talvez...talvez porque algumas pessoas são assim, só transmitem coisas boas. Ontem, assistindo Bete Balanço e passados alguns anos da última vez que vi Lauro em algum trabalho, percebi isso. Ao mesmo tempo em que era triste saber que aquele menino talentoso havia morrido tão cedo, era muito bom perceber que a sua imagem na telinha continuava transmitindo as mesmas coisas da época em que era vivo. O que Lauro nos transmitia/transmite, é como o sorriso de Rita Hayworth, como os palavrões de Dercy Gonçalves, como a voz de Nat King Cole, como a presença de Clara Nunes. É algo imortal. O tempo não apaga. É inexplicável.
Lauro Corona vai ser sempre jovem na nossa memória, vai ser sempre bonito, mas dá um aperto no coração saber que poderíamos estar com esse menino até hoje, nos brindado com seu talento e com sua força. É, acho que Greta Garbo estava errada. Seria maravilhoso ver o Lauro envelhecer.