Amar na Internet

[por Eddy Fernandes]

Que a internet é um celeiro de estereótipos, tá todo mundo careca de saber. As pessoas se fecham em “guetos”, “tribos”. Tem gente que é fã do Restart e twitta pro Acesso MTV; gente que fica famosa no Twitter e a gente nem sabe de onde veio (@harpias, oi?); e gente que ainda não aderiu a “onda” Twitterística e insiste no (hoje) ultrapassado Orkut. E, geralmente, são essas pessoas que fortalecem a má impressão da nossa antiga rede social MÃE.

Eu tô falando dos apaixonadinhos de plantão. Ah, cês não sabem quem eles são? Ok, vou ser bem didático.

É claro que de lindjos os CASAIS DO ORKUT não têm nada. E de discretos, também não. Afinal, eles invadem as nossas vidas sem pedir licença. Normalmente, começam tímidos... e na maioria das vezes, solteiros. É aquele colega do trabalho. Aquela menina do curso de informática que você nem sabe o nome, mas que sentou do teu lado numa aula em que chegou atrasada, cês trocaram duas palavrinhas e endereços de e-mail.

Essas pessoas, sob determinado ponto de vista, preenchem uma lacuna invisível que TODO MUNDO invariavelmente tem, mas que nem sempre admite... que é aquela cota para estranhos nos perfis da vida. Tudo ok, tudo azul enquanto esse tipo de “amigo” é uma mera figura na tua lista, e está ali apenas encorpando as fileiras dos contatos. Mas acontece que em algum momento, esse coleguinha vai se rebelar. E aí vão começar os transtornos.

1 – RECADOS ANIMADOS. Gostaria de entender quem foi o cristão que institucionalizou que esse tipo de gif brilhoso é agradável de ser recebido. Honestamente, não conheço NINGUÉM que goste de receber esse tipo de coisa. Se fosse um troço eventual, até vá lá. Mas tudo quanto é sexta feira, aparece essa desgraça na página de recados da gente. E o pior, é que com essa “facebookzação” do Orkut, o caráter individual da mensagem foi pras cucuias. Hoje em dia, a gente recebe um gif e na mesma janela (?) em quadradinhos perpendiculares, vemos as fotos de mais umas... 155 pessoas que foram importunadas. OU SEJA. Massacre coletivo.

2 – ATUALIZAÇÕES CONSTANTES: Não basta pôr o “namorando” no perfil, muito menos um “relacionamento sério” resolveria o caso. A criatura insiste em doses diárias de amor e paixão, atualizando álbuns com títulos curiosos, que vão de “Eu e meu princeso <3” a canções de pagode. Antigamente, a coisa vinha mais branda, pois existia um limite de álbuns e fotos no Orkut. Mas agora, acho que pra [tentar] conter a debandada geral, a administração despirocou e cada perfil pode ter, sei lá... uns 520 álbuns. Quem sofre é o retardatário no universo orkutiano, que se esforça pra manter o mínimo de discrição e lucidez. 3 – A ONIPRESENÇA: Se a total anulação de si próprio se restringisse ao Orkut, a gente até dava um desconto, mas a pessoa começa a namorar e infesta TO-DOS OS SEUS perfis com essa informação. Exemplo: vai que a menina se chama Claudinha. Tá, Claudinha firmou compromisso com... hmm... Huguinho. Aham, aí Claudinha bota “Claudinha & Huguinho” no Orkut; “Claudinha & Huguinho” no ‘FEICI’ [HAHAHAHAHA]; “Claudinha & Huguinho” no Tâmbler [se tiver], Badoo, Hi5 e por aí vai... até findar no MSN, que é terra de ninguém e todo mundo sabe disso. Só que a Claudinha tá tão necessitada de fixar esse romance na cabeça dos outros, que nem o botão do “Ativar o que estou ouvindo” ela deixa disponível, porque pode apagar o subnick em referência ao parceiro.

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 É mais ou menos por aí. Eu poderia desfiar um pouquinho mais esse rosário, até porque a fonte parece inesgotável. Só que acontece que o colunista cansou de brigar com blogger [que insiste em engolir as fotos, posicionando TO-DAS no começo da página] e, convenhamos, que depois de 10 minutos de garimpo, esses casais se tornam, no mínimo, intragáveis. Mas fica dado o recado.