segunda-feira, 30 de maio de 2011

Nem é falta, é excesso mesmo

Uma hora o tal do bloqueio acaba pegando você. Pega como gripe; pega como sarna… Pega como a pobreza.

E achou de me pegar hoje, num momento bem vulnerável [dormi mal, um abraço]. O que me lembra uma aula de teoria da literatura loong time ago, em que a professora achou de botar todo mundo para fazer um exercício de fluxo da consciência. Saiu falando um monte de palavras mais ou menos assim:

o sol… a árvore… a pedra… o sapinho… irmão… espelho… o cangaceiro… o rei… meus cabelos escovados… minha pedra é ametista… minha cor o amarelo… Salomão Hayalla…

Viajado assim mesmo, só que com outras palavrinhas, haha. Se bem que… Ela falou do cabelo escovado sim!

E a gente tinha que ficar escrevendo enquanto isso: ou pegava as palavras que ela ia dizendo e fazia seu texto com elas; ou rejeitava e ficava esperando a próxima; ou ainda fazia outro negócio que eu não lembro muito bem. O que eu fiz foi escrever um outro texto sobre personagens que já estavam na minha cabeça e ela achou lindo. Mas a garota que estava sentada na minha frente escreveu sobre a falta do que escrever. No meio de tanta coisa sobre o que falar, ela falou sobre a folha em branco. Nunca mais esqueci daquela sessão de leitura.

Isso era pra ser um texto sobre o quanto eu acho engraçado minha mãe chegar dizendo que a novela das 9 vai ficar ruim porque o mocinho se lasca e eu explicar que existe uma hora que o mocinho tem mais é que se lascar mesmo porque senão nem tem o que fazer, salta logo pro último capítulo e pronto; ou ainda sobre a resenha burocrática lá da faculdade. Mas no meio das minhas ideias se meteram os velhinhos no ônibus comentando sobre o velhinho de 105 anos que procura uma esposa e apareceu no Fantástico; a tentativa de ir para a casa da minha orientadora por um caminho novo, me descobrir na Avenida Norte e voltar para acertar meu caminho no meio de uma chuva que prometia ser pesada mas nem foi. E no meio da chuva eu ainda pensava nos personagens do livro que terminei há uns meses e ainda não me largaram [ou eu não larguei deles]. Pensava nisso tudo, nos intervalos lia um livro sobre o agir em situações de trabalho, acabei cochilando, sendo acordada por um buraco na BR 101 e tudo virou um grandissíssimo novelo que ficou atravancando a porta das ideias coesas e bem ajustadas. Fiquei numa situação bem parecida com a da minha coleguinha, mas não por não ter o que escrever; e sim por ter muito, mas não saber exatamente por onde começar.

Aí chega minha mãe com uma história ótima, mas agora é tarde. Boa noite e até a próxima. :-)

domingo, 29 de maio de 2011

Tarantino's Mind

Tudo bem que esse vídeo é um pouco antigo, mas ele ajuda bastante as pessoas a entender o que se passa na cabeça do Tarantino. E convenhamos, ver Selton Melo criando teorias de conspirações é sempre hilário.



Vanessa (lobinha)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

INESQUECÍVEIS

Adoro teledramaturgia (novidade) e ando assistindo alguns títulos antigos da Globo, como Irmãos Coragem (1970/1971) e Gabriela (1975). Vendo essas novelas, fiquei prestando atenção nos atores e atrizes que já se foram e percebi como fazem falta no nosso cenário artístico.

Os que, como eu, cresceram vendo televisão, podem falar que Dina Sfat, Jardel Filho, Paulo Gracindo, Zilka Salaberry e tantos outros, fazem parte da nossa história. História emotiva e cultural. Quem não foi neto de Zilka Salaberry? Quem não teve medo de Dina Sfat? Quem não riu com Paulo Gracindo?

Pensando nisso, resolvi plagiar descaradamente o meu amigo Vitor (@vitorolive Sigam no twitter!) que faz umas listas deliciosas no seu blog http://euprefiromelao.blogspot.com/ fonte obrigatória para os amantes da teledramaturgia. Não sei se ele já fez uma dessas, mas resolvi colocar as dez atrizes que já partiram e que fazem muita falta na minha televisão. Cada vez que revejo o trabalho de uma delas sinto uma grande alegria e uma imensa saudade. É uma forma de dizer obrigado a essas grandes damas pelas emoções que me fizeram viver.

10º) GEÓRGIA GOMIDE

Presença marcante, personalidade forte, sem papas na língua, assim era Geórgia Gomide, uma das pioneiras da televisão no Brasil. Estrela da TV Tupi, passou por quase todas as emissoras. Quem viu sua interpretação como Dona Bina na novela Vereda Tropical (1984/1985) de Carlos Lombardi, jamais vai esquecer. Sem dúvida, uma atriz que faz parte da história da teledramaturgia no Brasil.

9º) ZILKA SALABERRY

A nossa eterna Dona Benta do Sítio do Picapau Amarelo (1977/1986). Zilka já havia feito personagens marcantes, como Sinhana em Irmãos Coragem (1970/1971), Donana Medrado em O Bem-Amado (1973) e Kiki Vassourada em Corrida do Ouro (1974/1975), mas foi dando vida à personagem de Monteiro Lobato, que a atriz entrou definitivamente no imaginário popular. Milhares de crianças cresceram, assim como Narizinho e Pedrinho, ouvindo as incríveis histórias que a “vovó do Brasil” contava. Impossível não ouvir a música “Dona Benta” de José Luís e não sentir os olhos se encherem de lágrimas recordando da infância e de dona Benta. Saudades eternas de Zilka.

8º) SANDRA BRÉA

Sandra Bréa foi símbolo sexual nos anos 70 e 80 e nos remetia às antigas vedetes do teatro rebolado. Atuando, cantando, dançando e exalando sensualidade, Sandra conquistou o Brasil e nos presenteou com personagens inesquecíveis como a Wanda de Elas por Elas (1982), a Jaqueline de Ti Ti Ti (1984/1985) e a vedete Glória Müller de Bambolê (1987/1988). Sandra Bréa transmitia uma imensa alegria e nos deixou cedo demais.

7º) LILIAN LEMMERTZ

A primeira Helena ninguém esquece. Conheci Lilian Lemmertz quando ela deu vida à primeira Helena de Manoel Carlos, na novela Baila Comigo (1981). Tinha um pouco de medo daquela mulher tão séria, com uma profundidade enorme e completamente real. Acho que foi isso que mais me chamou atenção: aquela personagem era real. Lilian Lemmertz fazia isso. Seus olhos expressivos, a sua intensidade. Quantas personagens deixaram de nos emocionar depois da partida dela? Quantas heroínas ou vilãs inesquecíveis deixaram de povoar a nossa memória?

6º) LÉLIA ABRAMO


Além de atriz, Lélia Abramo foi uma importante ativista política e presidente do sindicato dos artistas. Com uma vasta e profícua carreira no teatro, essa italiana de nascimento criou várias personagens memoráveis na tv, com destaque para Dona Januária de Pai Herói (1979), Mamma Vitória de Pão Pão, Beijo Beijo (1983) e a inesquecível Bibiana de O Tempo e o Vento (1985).

5º) ANA ARIEL


Ana Ariel não costuma ser lembrada na lista de grandes atrizes, mas foi uma das que mais trabalhou em novelas nos anos 70. Com personagens como a sofrida Domingas de Irmãos Coragem (1970/1971) ou dona Idalina de Gabriela (1975), Ana é um daqueles rostos de que todos recordamos. Abandonou a carreira em 1987 e faleceu nos anos 2000.

4º) GLAUCE ROCHA


Assisti poucos trabalhos de Glauce Rocha, mas sua participação no filme Navalha na Carne me deixou abismado. Uma das interpretações mais viscerais que já vi. Na TV ficou apenas o registro de Stela, personagem de Irmãos Coragem (1970/1971). Deixou gosto de quero mais.

3º) MYRIAM MUNIZ


Quem não morreu de rir com Myriam Muniz nas minisséries Dona Flor e seus Dois Maridos (1998) e Os Maias(2001)? Myriam era uma atriz essencialmente teatral, mas quando dava o ar de sua graça na televisão, era sempre de forma extraordinária. Dona de um humor ácido e de personalidade marcante, Myriam Muniz foi uma das mais inquietas e competentes atrizes do cenário nacional e com certeza faz muita falta!

2º) DINA SFAT


Quantas saudades de Dina Sfat! Uma das maiores atrizes que o Brasil já viu. Dina é praticamente uma unanimidade. Todos reconhecem o seu talento e sentem a sua falta. Fernanda em Selva de Pedra (1972/1973), Chica Martins em Fogo Sobre Terra (1974/1975), Risoleta em Saramandaia (1976), Amanda em O Astro (1977/1978), Paloma em Os Gigantes (1979/1980), Laura em Bebê a Bordo (1988/1989). Uma criação diferente da outra, todas inesquecíveis. Que pena que não podemos mais nos emocionar com o olhar de Dina Sfat.

1º) YARA AMARAL


A medalha de ouro, aquela de quem sinto mais falta, é Yara Amaral. Jamais vou me esquecer de como fiquei surpreso ao tomar conhecimento de sua morte e perceber que jamais veríamos sua entrega e paixão à arte de representar. Da Áurea de Dancin’ Days (1978/1979) até a vilã Joana Flores de Fera Radical (1988), passando pelas deliciosas Nieta de Guerra dos Sexos (1983/1984) e Celeste de Anos Dourados (1986), Yara conseguia dar vida a personagens neuróticas, problemáticas, cômicas e passionais. Vencedora de vários prêmios no teatro, Yara Amaral foi uma de nossas mais conceituadas atrizes. Minha maior falta, minha maior saudade.