quarta-feira, 22 de junho de 2011

E nem toca música indie

Fazia tempo que eu não ia ao cinema.

Acho que o último filme que eu vi foi aquele da Ingrid Guimarães, o De Pernas pro Ar. E, sério, tava com saudade. Não que eu seja um aficionado pela sétima arte. Não é isso. Mas é que a sala me fornece um conforto difícil de explicar. Tem gente por aí que procura a paz numa dose de anfetamina. Eu procuro numa poltrona do Play Arte.

Tava ensaiado a ida há umas duas semanas, mas demorei pra cacete pra escolher o filme. Só tinha merda passando. E eu não tenho a menor estrutura pra assistir esses block-busters. Pirralhada fica gritando e se tem Robert Pattinson então, é gemedeira na certa...

Optei por um do circuito alternativo. O Namorados para Sempre [não se deixem levar pelo título escroto] é o primeiro longa de ficção do Derek Cianfrance, até então diretor de documentários e tem como protagonistas Ryan Gosling [de quem até ontem EU NUNCA TINHA OUVIDO FALAR, desculpa se sou desinformado] e Michelle Williams [a eterna Jen de Dawnson’s Creek].

O filme conta basicamente a história de um casal. Um mais devastado que o outro com a vida que levam juntos e... absolutamente incompatíveis. Dean (Gosling) é um pintor acomodado. E Cindy (Williams) trabalha como enfermeira em uma clínica médica. Os dois levam uma vida prosaica, sem sobressaltos. O amor de outrora desvaneceu e a única razão pra manterem o casamento é a pequena filha, Frankie [a graciosa e inteligente Faith Wladyka].

Diante desta premissa nada original, o que o espectador desavisado pode esperar? Uma comediazinha romântica boba, dessas da Sessão da Tarde, onde o final é previsível e o amor tudo supera?

É CLARO QUE NÃO.

O diretor promove um mergulho profundo na psicologia dos personagens e nos convida por um passeio pela relação de Dean e Cindy. Do começo, onde tudo funcionava ao fim abrupto, que deixa um gosto amargo na boca; passando pela cerimônia de casamento, marcada pela excitação.

É uma ode à dor. É a reafirmação da máxima “amar é sofrer”. É a certeza de que nada é definitivo, tudo é passageiro. E que o amor romântico, como é pintado nos livros, não existe e que pode, sim, acabar.

Ou seja, não é um filme de fácil digestão. Talvez por isso eu tenha visto tantas caras decepcionadas na saída do cinema. Nêgo entrou achando que ia assistir duas horas de água com açúcar e se deparou com um copo de cachaça, amargo e espesso, que desce arranhando e nem sempre é digerido.


Um comentário:

  1. Confesso que fui assistir motivado pela falta de opção e pelo cartaz bonito, mas gostei muito. Sou fã das comédias água com açúcar, mas gostei de ver um filme, tipo "a vida como ela é". A maioria das histórias de amor não tem um final feliz, é triste mas é a relidade, e sempre aprecio tudo que foge do clichê previsível. Ou seja, quem puder assista.

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