

Fazia tempo que eu não ia ao cinema.
Acho que o último filme que eu vi foi aquele da Ingrid Guimarães, o De Pernas pro Ar. E, sério, tava com saudade. Não que eu seja um aficionado pela sétima arte. Não é isso. Mas é que a sala me fornece um conforto difícil de explicar. Tem gente por aí que procura a paz numa dose de anfetamina. Eu procuro numa poltrona do Play Arte.
Tava ensaiado a ida há umas duas semanas, mas demorei pra cacete pra escolher o filme. Só tinha merda passando. E eu não tenho a menor estrutura pra assistir esses block-busters. Pirralhada fica gritando e se tem Robert Pattinson então, é gemedeira na certa...
Optei por um do circuito alternativo. O Namorados para Sempre [não se deixem levar pelo título escroto] é o primeiro longa de ficção do Derek Cianfrance, até então diretor de documentários e tem como protagonistas Ryan Gosling [de quem até ontem EU NUNCA TINHA OUVIDO FALAR, desculpa se sou desinformado] e Michelle Williams [a eterna Jen de Dawnson’s Creek].
O filme conta basicamente a história de um casal. Um mais devastado que o outro com a vida que levam juntos e... absolutamente incompatíveis. Dean (Gosling) é um pintor acomodado. E Cindy (Williams) trabalha como enfermeira em uma clínica médica. Os dois levam uma vida prosaica, sem sobressaltos. O amor de outrora desvaneceu e a única razão pra manterem o casamento é a pequena filha, Frankie [a graciosa e inteligente Faith Wladyka].
Diante desta premissa nada original, o que o espectador desavisado pode esperar? Uma comediazinha romântica boba, dessas da Sessão da Tarde, onde o final é previsível e o amor tudo supera?
É CLARO QUE NÃO.
O diretor promove um mergulho profundo na psicologia dos personagens e nos convida por um passeio pela relação de Dean e Cindy. Do começo, onde tudo funcionava ao fim abrupto, que deixa um gosto amargo na boca; passando pela cerimônia de casamento, marcada pela excitação.
É uma ode à dor. É a reafirmação da máxima “amar é sofrer”. É a certeza de que nada é definitivo, tudo é passageiro. E que o amor romântico, como é pintado nos livros, não existe e que pode, sim, acabar.
Ou seja, não é um filme de fácil digestão. Talvez por isso eu tenha visto tantas caras decepcionadas na saída do cinema. Nêgo entrou achando que ia assistir duas horas de água com açúcar e se deparou com um copo de cachaça, amargo e espesso, que desce arranhando e nem sempre é digerido.
Propaganda é um negócio no qual eu, definitivamente, não sou lá muito boa; mas acho interessante observar os anúncios por aí afora. Acho graça em particular nos cartazes que anunciam shows de brega / forró / suingueira / whatever. Vejam aqui dois exemplos de cartazes recentes [os eventos já passaram, mas fotografei hoje]:
O que mais me chama atenção e me faz rir toda vez que olho não são as fotos das atrações ou seus respectivos nomes. É essa inscrição “mulher grátis até XX:XX”. Fica óbvio que o real significado é que mulher entra sem pagar nesse bagulho até a hora determinada. Mas minha cabecinha trabalha levando boa parte das coisas que vejo por aí para o other side e me faz rir que nem uma idiota imaginando um sujeito desavisado dizendo “oba! vou pra esse show! as atrações são… bem, são isso aí que a gente tá vendo, mas pelo menos rola distribuição de damas na noite do xaveco.”
É, se colocassem logo “mulher não paga até às 22h” [e com jeitinho a frase cabe, viu?] essas besteiras não passariam pela minha cabeça.
See you next Monday! =)
Por Eddy Fernandes
Como agora liberou geral e o nosso digníssimo tatu-mestre Walter de Azevedo permitiu as postagens sobre televisão, eu resolvi ressurgir das cinzas declarando toda a minha afeição para com as personagens abandonadas da nossa dramaturgia. São elas:
5 – MADÔ (DÉBORA BLOCH) em A Lua Me Disse: Impossível esquecer a peruíssima filha de Leontina Sá Marques (Aracy Balabanian) e suas trapalhadas com a empregada Whitney (Mary Sheyla). Mas Madô, no entanto, não era uma personagem unicamente cômica. Dentro do universo da novela, ela também sofreu bastante. Inesquecíveis sequências de muito chororô, pela perda de Lúcio (Maurício Mattar) ao som da maravilhosa “Dia Azul” de Djavan. Como num bom folhetim, à certa altura, Madô se reinventou, chegando a alcançar sua independência financeira, no comando do programa de auditório “Francamente Madô”. É isso aí, respira no saco!
4 – EUGÊNIA (Françoise Forton) em Explode Coração: Essa entra mais por uma questão afetiva, afinal tenho pouquíssimas recordações da novela de Glória Perez. Mas confesso que me intrigava bastante ver aquela mulher deslizando pelas portas e paredes num choro convulsivo.
3 – RAQUEL (MARIA LUÍSA MENDONÇA) em Queridos Amigos: A herdeira direta de Renata Sorrah, mais uma vez me emocionou com sua sensível dona de casa, que depois de se anular a vida inteira pelo marido, recebe de presente um homérico pé na bunda e após passar dezenas de cenas chorando [haja disposição, cristal chinês e colírio, Maria Luísa!] sacode a poeira e dá a volta por cima.
2 – MARTA (TEREZA RACHEL) em Baila Comigo: Especialista em vilãs, a nossa eterna Rainha Valentine não fugiu à regra nessa primeira novela de Manoel Carlos no horário nobre. Na pele da dondoca insensível, algo preconceituosa e intolerante, a “bruxinha” deu show. Mas como o desempenho da atriz não é o foco principal, vamos a uma retrospectiva básica da trajetória da personagem, que eu pude conhecer num compacto da trama no início deste ano
Casada com Quim (Raul Cortez, o primeiro galã de meia idade, tão recorrente nas novelas do autor, que anos mais tarde seria interpretado por Zé Mayer), crente de que jamais poderá ser mãe, é envolvida numa trama sórdida pelo marido, que depois de engravidar uma das funcionárias da empresa do sogro, Helena (Lílian Lemmertz), se torna pai de gêmeos; e fecha um acordo com a ex-amante e o marido dela, ficando cada um com um bebê. Marta, então, cria João Vítor (Tony Ramos) como filho, mesmo rejeitando-o e vendo nele o seu fracasso como mulher, já que não conseguiu dar ao marido o filho homem que ele tanto desejava. Apesar dos contornos melodramáticos, Marta não era uma vilã clássica. Muito humana, cheia de nuances, defeitos e qualidades, fugia de qualquer estereótipo. Talvez por isso, nunca a tenha conseguido enxergar como antagonista. Sempre a vi como uma mulher amargurada, até meio submissa, que além de administrar o lar e cuidar da educação de um filho que não era seu, tinha que engolir as constantes infidelidades do marido.
[o mesmo papel seria reprisado, anos mais tarde, por Lília Cabral em Viver a Vida].
1 – FERNANDA (DINA SFAT) em Selva de Pedra: A princípio, este primeiro lugar pode soar meio injusto, afinal são anos de novelas e eu já presenciei muitas cenas antológicas de abandono; e nunca vi a trama de Janete Clair [ou seja, sem parâmetros]. Mas confesso que desta vez fui fisgado pelo afetivo. A imagem que tenho é a de Dina Sfat correndo pela nave da igreja, enquanto destroçava o próprio vestido de noiva, numa das cenas mais intensas e perturbadoras da nossa dramaturgia. O olhar arrebatador de Fernanda/Dina me impressionou muito na primeira vez que vi o vídeo e me impressionará sempre, porque nunca vou conseguir desvendar o que há por detrás destes olhos; a dubiedade da expressão enriqueceu Fernanda, mas, no entanto, não era da personagem e sim da intérprete... a nossa eterna contradição Dina Sfat.
Então, é o que tem pra hoje.
Espero que vocês tenham gostado.
Volto na semana que vem, nessa mesma bate-hora, nesse mesmo bate-canal... quando der, abraço.
Antes de começar a história propriamente dita, vamos fazer um pequeno flashback. Vocês conhecem Dona Joana? Não, então clique aqui.
Essa história ficou perdida nos arquivos do ano passado, mas acabou sendo resgatada quando eu estava dando voltando para casa num ônibus da linha Alto Sta. Isabel e ouvi um grupo de idosos comentando o senhor de 101 anos que havia aparecido numa das últimas edições do Fantástico procurando uma nova esposa. Entre os integrantes daquele grupo de comentaristas acomodados nos assentos reservados, havia uma ponta de incredulidade em suas vozes. Acho que estavam todos eles achando muito absurda ou muito engraçada aquela história.
- Ora essa… 101 anos! Vai querer casar de novo pra que, se já está com o pé na cova?
ou:
- Vai arrumar uma novinha pra dar o golpe nele!
Entre outros comentários. Enquanto eles falavam lembrei da história de dona Joana. Provavelmente, caso tenha visto a tal matéria, ela pense que aquele velhinho merece encontrar uma pessoa bacana, mesmo parecendo tão tarde para os *padrões* do resto do mundo. Se ele quer uma companhia, então que assim seja! Por que todo pé descalço merece sua pantufa, não é mesmo?
Mas também pensei em como seria esse casamento, caso apareça mesmo uma noiva. A única cena que me vem à cabeça é a de um agregado já há muito falecido, que inventou de casar com uma moça e ao chegar lá no forum com a dita cuja, teve de responder um tremendo interrogatório para provar que estava no domínio pleno de suas faculdades mentais. Provou, casou e no fim das contas as tais faculdades mentais não adiantaram de muita coisa, a bunita não era flor que se cheirasse. Um cogumelo venenoso era menos nocivo, diga-se de passagem.
Que o centenário casadoiro tenha mais sorte.
Atendendo a milhares de pedidos do Walter, os posts das próximas semanas serão desenvolvimentos dos temas apenas mencionados no texto da semana passada. Então, lá vamos nós!
Não sei bem como era a relação da minha avó materna com a televisão, mais precisamente com as novelas, porque convivi muito pouco com ela. Mas ela devia gostar bastante, haja vista as trilhas sonoras em vinil que tinha na casa dela. A primeira casa – onde minha mãe nasceu e viveu até a morte precoce de meu avô – foi a primeira a ter televisão e os vizinhos se juntavam para ver às novelas consumindo os picolés que vovô fazia e vendia antes do show começar.
Vovô era mara e tinha muito tino comercial. Pena que se foi cedo demais…
Bem, deu pra sentir que esse negócio de gosto pela televisão, especialmente por novelas, se aprende no berço – pelo menos aqui em casa. Nasci, vi novelas no carrinho de bebê, na cadeirinha vermelha, no sofá e na rede. Hoje as vejo com laptop no colo. E ao longo dos anos, observei bem as reações das duas pessoas que costumam assistir a pelo menos algumas das novelas comigo: meu pai e minha mãe.
Não posso dizer que meu pai seja um fã do gênero, mas volta e meia assiste aos capítulos com a gente. Foi com as fuças de Juvenal Antena…
… Gostava daqueles personagens malas de Cama de Gato…
… E a melhor parte: xingava personagens de todas as novelas do Gilberto Braga! Pelo menos de todas que consigo me lembrar de ter visto com ele. Numa era pré-TV a cabo at home, era batata: ele assistia Paraíso Tropical, por exemplo, e descia a lenha na Neli (Beth Goulart). E tome “rapariga safada” e similares durante TO-DAS as cenas em que ela aparecia. Era um atrapalho triste pra ouvir o resto da cena, mas olhe, era engraçado.
Aí começou Insensato Coração, Eunice tá aí, enervando geral e meu pai…
NADA. Senti uma falta da esculhambação, gente.
E mami: lê os resumos assim como eu, não tá nem tchums pros spoilers… Muito pelo contrário. Ela usa os resumos da semana para decidir se assiste ou não aos próximos capítulos! Sábado à noite rola um diálogo mais ou menos assim por aqui:
MÃE – A novela essa semana tá ruim demais, vou nem assistir.
EU – Oxe, por quê?
MÃE – Leo vai aprontar!
EU - [na maior paciência] Mainha, entenda: se o vilão não aprontar e o mocinho não se lascar nem que seja um pouquinho, a novela acaba.
Repeat after me: tem que se lascar…
Ela é toda impaciente, fica esperando pelas cenas de amor e tals e se as coisas não saírem do jeito que ela acha que devia ser, ela pega ar meermo. Quando liguei a TV numa night de folga [durante o momento “espermatozoides sobreviventes” da semana passada] ela disse “olha, novela não, viu?” e eu ia mesmo mudar de canal, mas aí tava passando a cena da Marina esculachando Eunice e ela mudou de ideia. Porque Eunice sendo esculachada: geral quer ver.
E quando acabou Ti Ti Ti, então? Não vimos juntas [então ela não viu o espetáculo de choro que eu dei na sala, haha], mas quando ela chegou, deixou claro o quanto estava decepcionada e emputecida com o fato de Marcela não ter terminado com Renato. A novela pode ter sido nota dez, mas o final que ela estava esperando pra ver não veio, então é como se todo o resto tivesse sido uó.
Agora imaginem se um dia eu chegar a escrever uma novela. Cederei às pressões da audiência materna, Brasil?
Na semana passada eu fiz um post sobre as dez atrizes que fazem falta na TV. Na verdade a idéia inicial era fazer um sobre OS dez (homens e mulheres), mas tinha tanta gente, que resolvi dividir por gênero, e mesmo assim muitos ficaram de fora.
Agora chegou a hora de homenagear os dez atores que fazem falta, e muita, na minha TV. Espero que vocês gostem tanto quanto gostaram da lista anterior.
10º) MILTON MORAES
As pessoas mais novas não conhecem Milton Moraes, talvez por seus trabalhos não terem sido reprisados ultimamente. Mas o Canal Viva está aí pra isso e nos deliciou com a exibição de Anos Dourados (1986), em que Milton interpretou o inesquecível Morreu, músico da noite e que gostava de tomar umas a mais. Para os mais antigos, restam as lembranças do Quidoca de Bandeira 2 (1971/1972) , Lauro Fontana de O Espigão (1974) , Armando de Escalada (1975) e o Jofre de Dancin’ Days (1978/1979)
9º) JOSÉ LEWGOY
Famoso por seus trabalhos como vilão nos filmes da Atlântida, Lewgoy chegou à tv para mostrar serviço. O inesquecível Edgar Dummont de Louco Amor (1983) talvez tenha sido o seu trabalho mais marcante, mas devemos relembrar o Brigadeiro Campos de Anos Dourados (1986) e Ambrósio em Feijão Maravilha (1979).
8º) JARDEL FILHO
Jardel Filho foi um dos nomes mais importantes da televisão nos anos 70. Encarnando mocinhos, vilões ou fazendo comédia, Jardel sempre mexia com nossas emoções. Dono de um incrível talento, deixou muitos com raiva ao encarnar o preconceituoso Otto de O Homem Que Deve Morrer (1971/1972), mas também sabia ser sedutor, como em Coração Alado (1980/1981), em que viveu o trambiqueiro Von Strauss. Em Sol de Verão (1982/1983), Jardel nos deixou sem contar o final da história. Sua morte deu fim ao personagem Heitor, um dos mais populares de sua carreira e que ficou eternamente na minha memória.
7º) LAURO CORONA
Lauro Corona é lembrado como um dos atores mais bonitos que já apareceram na tv. Sua morte precoce deu fim a uma trajetória que seria marcada de muito sucesso. Jovem talentoso que brilhou nas novelas dos anos 70/80 ao lado de Glória Pires e Lídia Brondi, Laurinho era aposta certa como um dos grandes atores da sua geração. Em Direito de Amar (1987), Lauro Corona me deixou uma imagem inesquecível, quando seu personagem, Adriano, conhece e se apaixona por Rosália (Glória Pires), no baile de passagem do século e deseja à amada: “Feliz 1901, 1902, 1903...”
6º) GILBERTO MARTINHO
Gilberto Martinho foi um dos rostos mais freqüentes nas novelas dos anos 70. Marcado por papéis de Coronel, o seu Pedro Barros de Irmãos Coragem (1970/1971) se tornou um ícone, numa interpretação brilhante. Seguiram-se o Coronel Melk Tavares de Gabriela (1975) e o Comendador Almeida de Escrava Isaura (1976/1977). Em 1986, ao lado de Yara Côrtes, viveu uma sensível história de amor entre pessoas da terceira idade, no sucesso Roda de Fogo (1986/1987).
5º) CARLOS ZARA
Um dos pioneiros da tv, Carlos Zara figurava sempre entre os primeiros nomes nas emissoras em que trabalhava. Além de ator, também enveredou pela direção. Nos anos 70, formou, junto com Eva Wilma, com quem acabou se casando, um dos pares românticos mais famosos das novelas, como pode ser visto em Mulheres de Areia (1973/1974) e A Barba Azul (1974/1975), dois grandes sucessos da Tupi, escritos por Ivani Ribeiro. Na Globo, deu vida a tipos marcantes como o vilão César em Pai Herói (1979), o romântico dr. Ramos em Direito de Amar (1987) e o engraçado italiano Ricardo em Sassaricando (1987/1988). Ao lado de Eva Wilma, fez o seriado Mulher (1998/1999), seu último trabalho na tv
4º) MÁRIO LAGO
Ator, diretor, escritor, compositor e militante político, Mário Lago era um homem de muitas facetas. Mário, sozinho, daria um post enorme, tamanha a sua inquietação artística e social. A imagem mais marcante que tenho dele é a do personagem Atílio, na novela O Casarão (1976). Inesquecíveis as cenas em que ele, esclerosado, mexia estrume em uma velha banheira. Outros grandes momentos de Mário na tv, foram o Alberico, de Dancin’ Days (1978/1979), o Padre Lara em O Tempo e o Vento (1985), e o médico Molina, de Barriga de Aluguel (1990/1991).
3º) RAUL CORTEZ
O que falar sobre Raul Cortez? Quem o viu em cena sabe o que representou para a arte no Brasil. Homem de teatro, um pouco avesso à tv, com o tempo se acostumou ao veículo, tornando-se um ator popular. Protagonista de um dos maiores mistérios da teledramaturgia, o “Quem matou Miguel Fragonard?”, de Água Viva (1980), Raul atrelou sua imagem a personagems ricos e sofisticados, mas surpreendeu a todos com o hilário bicheiro Célio Cruz, na novela Partido Alto(1984). Nos anos 90, fez uma série de sucessos ao lado de Benedito Ruy Barbosa, sendo Jeremias Berdinazi de O Rei do Gado (1996/1997), o mais famoso deles. Em Senhora do Destino (2004/2005), desenvolvia, ao lado de Glória Menezes, um sensível trabalho alertando sobre o problema do Alzheimer, mas teve de se afastar da novela por problemas de saúde. Sua presença é tão marcante que, mesmo passados vários anos de sua morte, sempre tenho a impressão que ainda poderemos vê-lo em algum trabalho.
2º) CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO
Ao longos dos anos, percebi que Cláudio Corrêa e Castro é quase uma unanimidade. Não conheço ninguém que não admire o trabalho de Cláudio ou que não sinta a sua falta. Tantos personagens, tantas novelas, tantos tipos marcantes. Podia ser vilão, vovô ou amigo conselheiro, personagem do primeiro escalão ou do terceiro. Em qualquer situação, Cláudio Corrêa e Castro sempre se entregava e nos brindava com grandes interpretações. O trabalho de Cláudio de que mais gostei foi o hipócrita Dr. Carneiro, em Anos Dourados (1986).
1º) PAULO GRACINDO
Vamos deixar de lado os entretantos e partir direto pros finalmentes! Paulo Gracindo foi o responsável pela criação de um dos tipos mais marcantes da teledramaturgia nacional, o prefeito Odorico Paraguaçú, em O Bem-Amado (1973). Quem viu, sabe do que estou falando. Ator de rádio, famoso pelo quadro Primo Pobre, Primo Rico, ao lado de Brandão Filho, e por seu trabalho como Albertinho Limonta, na versão carioca de O Direito de Nascer, pela Rádio Nacional, Paulo chegou à televisão e começou interpretar personagens secundários, sem muitas possibilidades de crescimento. Graças à recusa de Sérgio Cardoso em interpretar o bicheiro Tucão, em Bandeira 2 (1971/1972) , Paulo teve sua grande chance. Brilhou na trama de Dias Gomes e acabou sendo chamado para estrelar O Bem-Amado. Daí pra frente, tornou-se um dos principais nomes da televisão. Do aristocrático Antenor de Os Ossos do Barão (1973/1974), ao esclerosado Vovô Pepê, de Mandala (1987/1988), Paulo criou tipos dos mais diversos. Meu preferido é o Coronel Ramiro Bastos, que interpretou em Gabriela (1975), mas tenho lindas lembranças do quatrocentão falido Betinho, sucesso de Rainha da Sucata (1990). Revendo Gabriela, fico fascinado de como a interpretação de Paulo Gracindo era apurada. O olhar certo, o gesto certo, a entonação certa. Paulo Gracindo é uma verdadeira aula do que é ser ator.