domingo, 17 de julho de 2011

A força feminina em O Astro

Quando o Walter pediu um texto sobre O Astro, confesso que travei. Não que eu não tivesse o que falar sobre a produção, mas por sentir que a minha opinião se perderia em meio à chuva de elogios que marcou essa semana de estréia. A princípio, esta declaração pode soar parcial e sectária, afinal a novela marca o debut televisivo do nosso querido “Melão” Vitor de Oliveira. Mas, sem modéstia, temos todos nós, anos de novelas nas costas e podemos determinar de cadeira, quando estamos diante de um produto de alto nível.

O Astro, sem sombra de dúvidas, se encaixa nessa categoria. Encerra a primeira semana com chave de ouro, propiciando ao telespectador um verdadeiro deleite. Muitíssimo bem cuidada, a produção é digna de nota não apenas em aspectos referentes à técnica, como luz, direção, sonoplastia, mas também ao texto, escrito com delicadeza e sensibilidade, respeitando o original de Janete Clair. Devo dizer, no entanto, que o que realmente me chamou a atenção nesta primeira semana, foi à força das mulheres na trama. Todas contribuem muito para a história, participando ativamente, muito diferente do que se poderia supor numa primeira leitura, visto que o story-line indica a escalada social de um homem (Herculano Quintanilha).

Temos então, na linha de frente, três personagens fortíssimas: Amanda (Carolina Ferraz), Clô (Regina Duarte) e Lili (Alinne Moraes). As outras, obviamente, são de grande importância, e pelo andar da carruagem, alçarão grandes vôos, mas destaco estas por um simples motivo: foram as que mais brilharam na semana de estréia. Como não se envolver com a dor de Clô, diante do filho sedado, sendo levado para um hospício? A interpretação grandiloqüente de Regina Duarte, muitas vezes erroneamente associada à canastrice, só agregou verdade a dor da personagem... e na boa? Azar de quem não consegue perceber essas sutilezas e se deliciar com a pungência da atriz que, sem dúvida, é digna de figurar entre os maiores ícones da teledramaturgia brasileira.

O que falar, então, de Amanda? A rica e solitária arquiteta que se vê perdidamente apaixonada pelo misterioso Astro? Carolina Ferraz, afastada da mídia há algum tempo, voltou à cena em grande estilo, não somente prestando uma homenagem a brilhante Dina Sfat, intérprete da personagem no original, como também mostrando todo seu talento em uma interpretação radiante. E Lili? A suburbana cabeleireira perseguida pelo cunhado? Alinne Moraes, novamente, se mostra camaleônica. Diante desta personagem tão pra cima, tão solar, quem consegue lembrar-se da sofrida Luciana de Viver a Vida? É através deste trio de ouro que O Astro apresenta-se um autêntico folhetim janetiano, polarizando as atenções dos espectadores com sua rede de intrigas, tramóias e, principalmente, romance. Afinal, a grande graça é essa.

Um comentário:

  1. Adoro as protagonistas de "O astro". São mulheres fortes, de personalidade, que sabem o que querem e que lutam por seus objetivos. Quem disse que mocinha tem que ser boba e passiva? Janete já sabia disso há décadas! Adorei o texto, sobrinho querido, e concordo com tudo! Bjos

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