sábado, 9 de julho de 2011

Anos Incríveis

Passei muito tempo sem escrever, até porque, eu estava sem um tema que valesse a pena falar, mas, sem querer, devido a outra conversa, lembrei-me de algo que me remetia a uma das lembranças mais fortes da minha infância/adolescência.

Não, eu não estou falando de Guerra nas Estrelas (Sim, sou do tempo em que o filme ainda tinha o título traduzido) nem a Smallville – apesar de saber que provavelmente, muitas pessoas que assistem à série se lembrem de mim de tanto que eu fui fã.

Estou falando de Anos Incríveis. Série do canal ABC que foi exibida de 1988 a 1993 nos Estados Unidos e no Brasil entre 1992 – 1994. A série toda conta com mais ou menos 115 episódios e mostra a trajetória de um típico adolescente vivendo seus conflitos, temores e dúvidas características dessa fase tão conturbada da vida. Talvez seja por isso mesmo, que até hoje, a série tenha tantos fãs pelo mundo.

stória se passa entre os anos 60 e 70 e usa acontecimentos reais como pano de fundo para as (Des)venturas de Kevin Arnold. Garoto de 12 anos que mora com o pai Jack durão chefe de família, a mãe Norma, dona de casa com desejos de independência e vontade de ganhar seu próprio dinheiro, a irmã hippe Karen e o irmão Wayne que vivia implicando com nosso herói.

Kevin ainda contava com a cumplicidade de seu melhor amigo Paul Pfeiffer (Que ao contrário do que falam hoje, NÃO é o Marilyn Manson) e o carinho da “garota da casa ao lado” Winnie Cooper. É no meio dos acontecimentos de Woodstock, Elvis, Beatles, Guerra do Vietnã que a história desses três personagens é contada.

A série começa quando Kevin passa para o ginásio e todas as confusões que isso pode acarretar, até a sua formatura no segundo grau. Nesse tempo, Kevin é colocado em questões ambientais, quando o bosque em que ele e Winnie tiveram o primeiro beijo de ambos, está para ser demolido por um grupo empreiteiro para construir um shopping, políticos, familiar, quando tem que lidar com um amigo de pais separados, vivido por um ainda desconhecido Giovani Ribisi, sociais, quando tem que lidar com a “repentina” vontade da mãe em trabalhar fora e outras questões do mundo adolescente.

Mas o que mais me chamava a atenção era a forma como os relacionamentos eram tratados. Usando um sutil, porém inteligentíssimo humor (Que há muito não se vê mais em lugar algum), os relacionamentos eram a base da série. Era a forma como o Kevin se relacionava com o pai e a velada cumplicidade qe ambos tinham, assim como a confiança entre eles, com o melhor amigo Paul, que fatalmente veio a estremecer em alguns momentos, e com a Winnie, seu eterno amor... Onde, no final, ficou um carinho enorme de ambos, dentro e fora da telinha.

"O amor nos obriga a fazer coisas engraçadas. Ele nos torna orgulhosos, ele nos deixa arrependidos (...). E mesmo que eu não soubesse que caminho seguiríamos, sabia que não podia deixar que ela saísse da minha vida."

É o relacionamento do Kevin com a Winnie que mais eu tenho lembranças. Do primeiro beijo, onde ele fala um texto lindo: 

“Era o primeiro beijo para nós dois, nunca falamos sobre isso depois; Mas penso sempre nos acontecimentos daquele dia e de alguma forma sei que ela também. E sempre quando algum “garganta” começa a falar sobre o anonimato do subúrbio ou a inconsciência da geração da TV… Sabemos que dentro de cada uma daquelas casas idênticas com seus carros estacionados na frente, seu pão de forma sobre a mesa e o azul brilhante do aparelho de TV no cair da noite vivem pessoas com suas histórias; famílias unidas na dor e na luta do amor; existiam momentos que nos faziam chorar de tanto rir e outros, como aquele, de perplexidade e tristeza.”
Até o último beijo:

“Era uma vez uma garota que eu conhecia, morava do outro lado da rua. Cabelos Castanhos, olhos também. Quando ela sorria, eu também sorria. Quando ela chorava, eu também chorava. Qualquer coisa que sempre acontecia comigo, de algum modo, tinha a ver com ela. Naquele dia, Winnie e eu fizemos uma promessa de que nao importava o que acontecesse, nós sempre estaríamos juntos. Uma promessa cheia de amor, paixão e sabedoria. Uma promessa que só poderia ser feita pelos corações jovens.”

É difícil encontrar uma única pessoa que não tenha sido tocada por qualquer parte do seriado. Ele era tão envolvente, até mesmo pelo fato de ser narrado em primeira pessoa por um Kevin Arnold adulto, lembrando-se das coisas da sua infância, que fazia você pensar que ele estava sendo escrito pra você.

Creio que o que mais chama atenção é a forma inteligente como essa passagem conturbada da vida das pessoas é contada, sem aquelas fórmulas idiotas de tratar os adolescentes ou como retardados (Como aquele tal de 70’s show) ou drogados ou cheios de complexos (Como Barrados no Baile) tanto que a fórmula só funcionou uma única vez.

Muitos, já foram os pedidos para que a série seja lançada em DVD, mas devido aos direitos autorais da trilha sonora, que foi contabilizada cerca de 300 clássicos do rock, por ser muito cara, os produtores da ABC provavelmente nunca irão lança-la, infelizmente. Mas não custa nada torcer, afinal de contas:

Crescer é algo muito rápido. Um dia você usa fraldas e no outro você vai embora. Mas as memórias da infância permanecem com você. Lembro-me de um lugar, uma cidade, uma casa como várias outras casas, um quintal como vários outros quintais, em uma rua como várias outras ruas. E o fato é que, após todos estes anos, eu ainda olho para trás e penso: "foram anos incríveis.

(Vanessa) Lobinha.

OBS: Me perdoem, pois eu procurei a cena dos beijos dublada ou legendada, mas infelizmente eu não achei!

2 comentários:

  1. Muito legal a lembrança. Sem dúvidas a série que mais marcou minha adolescência! Além de ter sido um dos melhores produtos de teledramaturgia que já assisti.

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  2. Anos Incríveis é atemporal.
    Os conflitos da adolescência são universais, não tem como ficar imune.

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