segunda-feira, 28 de março de 2011

A falta que a falta faz

Primeiramente, um educado OLÃM pra você, eventual leitor. Tudo bem? Estamos aqui pra... Sabe que eu não sei? Pois é. Assim é a vida. Mas quem é que se importa, né mesmo?

Meu nome é Márcia Goldschimidt é essa é a hora da verdade Jorge e falarei hoje sobre... *rufar de tambores*

SOBREEE


SOBREEEE


SOBREEEE

Sobre os colunistas podríssimos que temos cobrindo televisão nesse ungido país \o/


Sim, estou falando com vocês mesmo, ó jornalistões.

Vocês sabem que houve um tempo em que gente muito digna e extremamente cult escrevia sobre dramaturgia? É, amigo, nem sempre tivemos esse retumbante mix de fofocas + notinhas de audiência + news de pré-produção + fofocas + fofocas + fofocas e, claro, mais fofocas.

Porque né, é só isso que eles fazem hoje.

E não é querer achar que no passado tudo era melhor, maaas....

-- momento do post bonitinho e sério --

Sabe quem batizou a linda Janete Clair de usineira de sonhos? Claro que vocês sabem, né. CARLOS FUCKING DRUMMOND DE ANDRADE.



Em sua coluna de jornal e tal. Beautiful, isn’t? Eu acho. Um reconhecimento, um respeito pelo trabalho do escritor de televisão que raramente se viu ou se vê.

E temos também o periclitante Artur da Távola. Ok, vamos esquecer o lado político do ser em questão e focar no seu trabalho junto a dramaturgia, né.

Aracy Balabanian, em seu depoimento pro Memória Globo, relembra com especial carinho um texto escrito por ele na ocasião da novela O Casarão: ‘‘Lágrima de Carolina’’.


Ôpa, problema aqui, produção, Carolina errada...


Pronto, agora foi\o/OH WAIT... ¬¬''


Ufa. Em uma palavra? AMOR.

Uma lágrima derramada pela atriz que, com toda a sua sensibilidade e talento, resumiu o drama da personagem naquele instante, descortinando emoções do público e do cronista.

Ainda a Glória Menezes, também no seu depoimento pro Memória Globo, conta como o escritor comparou a trajetória de suas personagens em Pai Herói, Jogo da Vida e Guerra dos Sexos, como se Ana, Jordana e Roberta fossem apenas uma mulher, que evoluía em momentos diferentes da vida.

E é exatamente isso, sabe. Analisar a qualidade da história e não se o ator protagonista foi visto no Sushi Leblon e quantos pontos deu a média do capítulo.

-- /momento do post bonitinho e sério --

E hoje, quem temos escrevendo sobre dramaturgia?
Ninguém, na verdade, né.

Nego dá um MIGUÉ na cara da sociedade misturando, como dito, fofoca fofoca fofoca fofoca com duas linhas de comentários sobre algum programa.

‘‘Jorge, seu tosco, você está exagernado’’, você diz.

Ah é? Então vejamos: quem temos escrevendo sobre televisão hoje?

1. FABÍOLÃO REIPERT


O que escreve na noite? Rainha das fofocas e barracos mornos, cujo ápice da relevância é maldadezinha aleatória contra enrustidos projacquianos e biscates em começo de carreira. Ela deve ter algum gerador automático de textos porque só isso explica a coisa ser tão repetitiva.

2. JOSÉ ARMANDO VANUCCI

Escreve o quê no caderno de capa da Hello Kitty? Notinha de produção, spoiler e zzz. NEXT.

3. KEILA JIMENEZ

Antes de tudo, foca na pessoa que nem troca esse nome depois de fazer dezoito anos, sabe? Merece credibildiade? I rest my case.

Merece patrocínio das tintas HP por quê...? Também é dessas que mistura fofoca, nota de produção e audiência. Quem se importa mesmo?

4. FLÁVIO RICCO


Além de desencavar fotos horríveis do passado dos atores, que devem ficar putos, afinal gastaram o mundo em dentes de porcelana e escova marroquina? Notas, notinhas e mais notas. Análise de história, KD?

5. PATRÍCIA KOGUT


A mais famosinha deles. Spoiler de histórias, notas de audiência e produção, as usual. Se bem que ela ainda tem o espacinho de, sei lá, três linhas pra comentar ‘‘o melhor’’ e ‘‘e o pior’’ do período. O desenvolvimento de uma trama ou o desempenho de algum ator e tal. Mas é meio que só isso, né. Não rola muita argumentação ou análise e tal.

‘‘Ah Jorge, seu cretino, mas isso é reflexo de que as pessooooas não querer ler sobre dramaturgia. Só se interessam pelas fofocas e a superficialidade de números meisshmo’’, você me dirá.

E eu respondo que talvez, né.

Mas há luzes no fim do túnel. Não muitas, verdade seja dita. Mas tem perseverado um modelo bastante interessante. Não tem mídia cobrindo dignamente o que você?

SEJA. A. MÍDIA.

Eu poderia citar aqui o Melão do Vítor Oliveira e ainda o recente Agora é que são eles. Luxo define os dois.Sim, estou fazendo merchan do que acho digno, e você que chorava vendo Late Show com a Luísa Mell?

De resto, meu amigo... De resto, é aquilo que titio Wilde dizia, né. Que antigamente os escritores escreviam e o público lia; hoje, o público escreve e ninguém lê. Sad, but true.

A coisa, definitivamente, NÃO TÁ FÁCEO pra quem curte teledramaturgia. É por isso que a gente tem que aplaudir saídas dignas, certo?

Porque de análise mesmo, são poucos os projetos. Poderia citar alguns outros que eu estou sendo injusto e esquecendo, malz ae. Em todo o caso, você vê que a coisa fica restrita demais. O produto de maior audiência do país é ainda tratado como quase irrelevante enquanto obra densa e tal na mídia oficializada, por assim dizer. Super chato isso, tem que ver isso aí.

Você pode até ver com bons olhos esse crescimento de bons blogs sobre o tema, mas isso também reflete a ausência de um tratamento digno em publicações mais oficiciosas.

E só eu acho isso estranho, Brasil?

Ah sim, essa é a hora que vocês respondem aí embaixo. Pode xingar muito no twitter, pode concordar, pode achar que a Gaga samba na cara da Britney, pode fazer o que quiser, afinal o Tatu exala sentinentos democráticos e humanistas em cada poro do seu casco. Ou não.

Aí é com vocês, né. Beajs! =**

9 comentários:

  1. Hahahaha, muito bom o texto. Ri demais!

    Cê escreve superbem, Jorge. Devia investir. Mas vamo falar do assunto que é isso que tá em pauta, né?

    Sabe que eu concordo com tudo que cê disse aí. Mas ficou faltando uma variável pra gente trabalhar. É aquilo de que esse tipo de ''jornalista'' (who?) atende as necessidades/curiosidades (who? 2) de uma grande parcela do público.

    É isso. A gente roda, roda e volta pro mesmo lugar. Tudo converge pro público. A maldita geração de analfabetos funcionais, que se abastece de bobagens escritas por Fabiola Reipert e congêneres, ouve Luan Santana e Restart, e rejeita qualquer coisa que exija um tico mais de raciocínio.

    Época braba, viu.

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  2. É por essas e outras que eu adoro conversar com esse cara. rsrs

    Jorge, sempre clarividente, como um Herculano Quintanilha depois da gripe (ops, foi mal). Falando sério: opinião embasadíssima, em texto com acidez rules - ou seja, ADORO.

    E essa foi tão forte e tão correta, que eu prefiro fazer um APUD a comentar com minhas próprias palavras:

    "É isso. A gente roda, roda e volta pro mesmo lugar. Tudo converge pro público. A maldita geração de analfabetos funcionais, que se abastece de bobagens escritas por Fabiola Reipert e congêneres, ouve Luan Santana e Restart, e rejeita qualquer coisa que exija um tico mais de raciocínio." (Abraços, Eddy)

    Depois dessa, sem mais.

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  3. Adorei, Jorge!! E as figuras com legendas deram aquele toque especial xD
    Olhe, eu não sabia nem quem DJABOS eram Keila Jimenez e o Vanucci lá porque realmente...

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  4. Muito engraçado...kkkkk

    E escrito com capricho (sem referencia à revista) e veracidade. Que péssimos os colunistas que estão dentre os mais badalados da mídia. Credibilidade e talento que é bom, nada...
    Talento só dentre os colegas citados e o pessoal daqui do Tatu - todos gabaritadissimos]1

    Parabens, Jorge!

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  5. Ri muito pra não chorar...rs! Como escreve bem esse mocinhommmmmmmm...... parabéns! E quando fui citado como exemplo positivo, chorei sete lágrimas! O melão agradece a menção! Merci! E até semana que vem!

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  6. Eu concordo com Don Venturini: "Eu prefiro Melão!"
    =D

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  7. Depois de rir demais, tenho de concordar com tudo. A televisão está muito mal servida de críticos. Só mesmo os Queridões fazem isso bem rsrs

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  8. "Eles" também agradecem a menção! Mas é complicado realmente lermos essas colunas, com perguntas e conjecturas lançadas, sobretudo a do Ricco.

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  9. 'FABÍOLÃO REIPERT' foi ótimo, Jorge ahahah... Texto divertido e muito pertinente, parabéns!

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