sábado, 27 de novembro de 2010

Situação delicada

Faz tempo que não escrevo aqui no Tatu e é uma pena que o meu retorno seja pra falar da violência que tomou conta do Rio de Janeiro. O blog sempre trata de assuntos leves, mas como criei esse espaço pra falar sobre tudo, então nem tem como ou porque evitar o tema.
Claro que não entendo nada de segurança pública, então vou escrever aqui como leigo.
No final do ano passado, eu estive pela primeira vez no Rio e fiquei, como a maioria das pessoas que visita a cidade, encantado. A impressão foi a melhor possível. Podia ficar aqui falando das belezas naturais, etc, etc, mas isso todo mundo já sabe. O que mais me chamou a atenção foi a tranquilidade. Sim, é isso mesmo. Nos dois dias que fiquei por lá, não ouvi um tiro, uma sirene de polícia, um quadro completamente diferente do que eu esperava. Talvez por isso eu tenha criado uma falsa imagem do Rio, uma imagem da Urca, bairro que eu passei uma tarde inteira, me sentindo em uma cidade do interior.
É lógico que eu não achei que os problemas de segurança da cidade não existiam, que era tudo uma grande mentira, mas acreditei que as coisas estavam melhorando. Nessa semana, a coisa degringolou.
Em vez de ficar aqui relatando as notícias que todos já viram, a minha dúvida é saber como deixaram a coisa chegar a esse ponto. Em que momento o Rio de Janeiro da bossa nova e das chanchadas da atlântida se transformou no Rio da Tropa de Elite? Será que essa mudança foi acontecendo de forma tão sutil que ninguém percebeu, ou na verdade perceberam e resolveram se omitir?
Há alguns anos vi Christiane Torloni dando uma entrevista e dizendo que o povo estava anestesiado. Na época, ela falava sobre política, mas acho que isso cabe pra uma situação dessas. Então é muito bom ver a população carioca apoiando o estado nessa situação. Acho que é o grito de basta que o Rio de Janeiro está dando para o crime organizado.
Claro que a discussão é muito mais profunda do que isso, que não é uma questão de bem e mal, mas de sobrevivência. É lógico que o caos social leva ao caos urbano e que o descaso de seguidos governos resulta em uma situação dessas. Não vou entrar aqui no tema social que leva da miséria ao crime, acho que todos sabem disso e não sou nenhum acadêmico pra discorrer sobre o assunto. Também não tenho a ilusão de que a polícia é santa e sei que Copa do Mundo e Olimpíada são motivos fortes o suficiente pra toda essa movimentação contra o tráfico. Na verdade é um grande varrer a poeira pra baixo do tapete, já que a quantidade de dinheiro envolvida nesses eventos é enorme, mas independente do motivo e das intenções de quem encabeça tudo isso, como disse anteriormente, o que importa é a atitude da população.
Espero, pollyanamente, que todo esse horror sirva pra alguma coisa e que os cariocas saibam como exigir dos governantes, segurança e, principalmente, respeito.

5 comentários:

  1. Também tô nessa vibe "Pollyana", amigo! Espero dias de paz ou pelo menos, mais tranquilos. São Sebastião do Rio de Janeiro, rogai por nós!

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  2. Pois é, Vitinho. E também não é um problema só do Rio, mas as coisas tomaram essa proporção por aí. Espero sinceramente que as coisas mudem.

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  3. Eu também prefiro crer que essa situação é momentânea. Que daqui a pouco, as coisas vão se resolver, e que a tranquilidade vai voltar a reinar no Rio de Janeiro.

    Pode parecer um excesso de credulidade e/ou ingenuidade. Mas eu acho que é disso que a gente tá precisando. Acreditar um pouco mais no outro, acreditar que é possível mudar. Chega de pessimismo!

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  4. tb tenho esperança q melhore! amo o Rio!

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  5. É de se lamentar que a situação tenha chegado a esse ponto, mas ao mesmo tempo, temos que comemorar, enfim, uma reação, tanto do Estado como da população.

    Ótimo texto, pessoa!

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