sexta-feira, 29 de abril de 2011

A Trilogia do Zé

Por Walter de Azevedo




Os que me conhecem, sabem que adoro filmes de horror. Não aqueles tipo Jason, com muito sangue e tripas, mas horror psicológico, com casas assombradas, como o ótimo The Haunting (1964), de Robert Wise, ou então os clássicos filmes envolvendo possessões. Como amante do gênero, eu carregava uma culpa ou pelo menos, estava em falta com o maior ícone brasileiro do horror: José Mojica Marins, o Zé do Caixão.

Quando eu era pequeno, por volta dos dez anos, lembro que a Band tinha uma sessão de filmes apresentada aos sábados à noite e intitulada Calafrio. Ali eu vi alguns dos filmes mais grotescos da minha vida. Monstros de borracha, defeitos especiais, etc. Até na minha visão de criança, eu sabia que aquilo tudo era muito ruim, mas numa época em que ainda não existia TV a cabo, não havia muitas opções para quem gostasse de filmes de terror. Em um desses sábados, a Band exibiu Exorcismo Negro (1974), de José Mojica Marins. Eu já havia ouvido falar do Zé do Caixão e resolvi assistir para ver como era um filme de horror nacional. Exorcismo Negro não é um filme com o personagem Zé do Caixão, mas é dirigido e estrelado por Mojica. Na história, o próprio Mojica vai passar férias em uma fazenda que acaba sendo envolvida em uma maldição e os moradores, pouco a pouco, começam a ser possuídos por demônios. Apesar de alguns efeitos pobres, Exorcismo Negro é excelente e ficou, durante muito tempo, como um dos mais assustadores filmes de horror que eu já havia assistido. Mesmo ficando impressionado, levei mais de vinte anos para conferir as obras que fizeram a fama de Mojica, o seu emblemático personagem Zé do Caixão. No final de semana passado, resolvi me redimir desse erro.

O coveiro assassino apareceu pela primeira vez em 1964, no filme À Meia Noite Eu Levarei Tua Alma. Na história, Zé (José Mojica Marins) é um homem sem crenças, que acredita apenas na força do sangue. Sem temer Deus ou o diabo, Zé do Caixão quer encontrar a mulher perfeita para poder gerar o seu filho. Por causa disso, muitas mortes acontecem. Na segunda parte da trilogia, À Meia Noite Encarnarei No Teu Cadáver (1967), a busca pela mãe de seu filho e os assassinatos em série, com requintes de crueldade, continuam.

À primeira vista, os dois filmes são risíveis. Claro que, na época, todos os artifícios podem ter sido assustadores e devemos fazer o exercício de tentar ver as duas histórias com esses olhos. Hoje em dia, é impossível não se divertir com a péssima interpretação do elenco e com roteiros muito forçados, com diálogos que fogem do coloquial, mesmo com as tramas se passando na atualidade, no caso, o ano de 1964. No entanto, isso tudo não apaga o enfoque central da história. Mesmo com o sangue falso e os efeitos dignos de TV Pirata, a obra de José Mojica levanta a questão da eterna briga entre o racionalismo e a fé. Zé do Caixão é um cético, duvida da existência de Deus e do diabo e acredita apenas na força do sangue, no homem como o ser supremo e responsável por tudo o que acontece no mundo. Em sua concepção, somente encontrado uma mulher que pense como ele, poderá ter o filho perfeito, aquele que salvará a humanidade do misticismo, da acomodação causada pela crença de que Deus olha por todos. Na verdade, a criança prometida é uma analogia com a própria história de Jesus. O filho de Zé do Caixão é um Cristo às avessas, que nasceria para provar a não existência de Deus.

Em 2007, Mojica resolveu terminar a sua trilogia, filmando Encarnação do Demônio. Zé do Caixão, após passar quatro décadas na cadeia pelos assassinatos que cometeu, sai e recomeça a sua busca pela mãe de seu filho. Com produção e efeitos muito melhores e um elenco experiente, com nomes como Luis Mello, Jece Valadão, Milham Cortaz, Rui Rezende e Cristina Aché, Encarnação do Demônio apresenta um Zé mais controlado e carismático. Os antagonistas do coveiro talvez sejam piores do que o próprio, o que faz com que o público acabe torcendo por ele, mesmo com as atrocidades que ele comete no desenrolar da história.

No frigir dos ovos, mesmo que os primeiros dois filmes lhe façam rir, recomendo que assistam à trilogia. Se não pelo interesse na história, ao menos para ver o surgimento de um dos mais emblemáticos personagens do cinema nacional, o famigerado Zé do Caixão.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Diga ao povo que eu... abdico!

Nessas de ser o palhaço da turma, eu sempre me lasco.



E nem é mais paranóia minha. Teoria testada e sacramentada. Falo isso de cadeira, não por ser eu o objeto da questão, mas por levar em conta as reações das pessoas. Na infância, era aquela pança que me impedia de socializar. A galera lá, toda reunida no recreio pra jogar futebol, e eu isolado num canto comendo hambúrguer. A saída foi pôr o nariz de palhaço, porque dali pra levar bolinha de papel era um estalar. Não que fosse uma forçação de barra ou um tipo que eu tivesse representando, era só um meio de, digamos, 'ser aceito' ou 'incluído'.



Mas daí que o tempo foi passando e eu cresci [nem tanto, vai]. Na passagem pra adolescência, a mesma situação. Mas ali a coisa apertou um pouco mais, porque eu me vi diante das meninas. Elas lá, cocotinhas toda vida, e eu tendo que chegar junto. Foi nessa hora que o fã de Asimov saltou e eu percebi que, contrariando todas as expectativas, era tímido. Mas não tímido de gaguejar. Pro tímido de gaguejar eu nunca preenchi os requisitos. Era mais coisa de aparecer e pela enésima vez, pôr a capinha do "engraçado" pra tentar entabular um assunto. Na maioria das vezes, funcionava. Mas lá na frente, a corda partia e eu, ao invés de namorado, virava o "melhor amigo". E o que é pior. O melhor amigo "fôfo".



Nada pode ser mais humilhante prum homem do que carregar a pecha do "fôfo". De coração, perguntem pra quem quiser. Não há nada que desestimule mais, que faça mais a tua auto-confiança caminhar pro lixo. E eu me vi assim, do alto dos meus catorze anos, certo de que nunca conseguiria ninguém.



[todos chora]

Mas, de novo, veio o tempo. O senhor das razões, da lucidez. Sorte que eu fui prudente e segui os meus instintos. Da primeira vez que eu levei um fora, depois daquele cosplay de avestruz, eu tirei a cabeça do buraco e cheguei a cogitar o celibato. Fiquei obsessivo com essa idéia, cheguei até a consultar um padre lá da minha escola [é, gente. eu estudei em escola de padre]. Ele não me incentivou, nem tampouco me dissuadiu. Continuei maluco, fixo no seminário, mas aí veio a Grazi. É, a Grazi.




Não essa. Mas essa aqui ó.


[desculpa, não conseguimos uma ibágem maior].


Foi graças à Playboy dela que eu descobri uma coisa que eu já sabia [mas não sabia que sabia], que definitivamente pra padre, eu não servia. E nem era por causa do celibato... que isso, hoje em dia, perdão Vaticano... o povo administra numa boa. Mas é que com criança a gente não trabalha.


Ops. Breve desleixo.

Voltando ao tópico... essa introdução toda, foi pra dizer que eu segui vida afora, carregando a pecha de "fôfo". Logo, contabilizando pouquíssimos amassos, ficadas e namoros na minha ficha no período do Ensino Médio. Pois bem. O tempo passou, e do médio eu vim pro superior. Aqui, encontrei a minha turma. Não que lá atrás eu não tivesse amigos. Mas é que agora, a coisa mudou de figura. Digamos, que eu consigo discutir de igual para igual. Sem contar que eles pensam parecido à beça comigo. E foi nesse 'mundo' que eu conheci a pessoa X, que é muito legal, mas sisuda. A pessoa Y, por sua vez, também conhecida minha, também legal e não tão sisuda, que me ajudou bastante a tirar o meu táxi do "vazio".
Agora, como no clássico de Carlos Drummond de Andrade, a pessoa Y gosta da X, que ninguém sabe se corresponde ou se gosta de alguma outra pessoa. Só que a pessoa Y precisa desesperadamente de uma resposta e tá contando comigo pra conseguir. Fui lá, né, todo bem intencionado e joguei verde pra X, que até agora não esboçou reação.


Das duas uma:


( ) ou X é lento(a) demais pra perceber que Y tá 'se querendo' ou


(X) sou um fracasso como cupido.


De qualquer forma, lavo as minhas mãos. Já tô com meu táxi na pista mesmo.



PS - Perdão pela demora. E brigado pela compreensão, galera do backstage.

terça-feira, 26 de abril de 2011

O tal do tããmbléér


Já tivemos a era do Orkut (em 2005, lembram? sôveio). Depois, o boom do facebook, inicialmente aderido pelos indies pedantes, aspirantes a carreira internacional de DJ.

De 2008 pra cá, quase todos os usuários criaram uma conta no Twitter. Isso sem falar dos inúmeros servidores para blogs – e dos fotologs que, aparentemente, acabaram, TODOS COMEMORA o fim de toda aquela exposição desnecessária de votos das creyça da tecpix nos jardins mal cuidados com machadinhas no cenário; isso sem falar nas pessoas mendigando comentários em seus FLOGÕES. Convenhamos, né.


E assim caminha a internet... A onda da vez atende por Tumblr. E se pronuncia como no título.

E o que seria o tal Tumblr? Fiquemos com a observação sempre sagaz da Wikipédia: O Tumblr é uma plataforma de blogging que permite aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo, links, citações e áudio, é um blog de textos curtos, mas não chega a ser um microblog, estando em uma categoria intermediária entre o Wordpress e o Twitter. Os usuários são capazes de "seguir" outros usuários e ver seus posts em seu painel (dashboard). Usuários podem gostar (favoritar) ou reblogar (divulgar) outros blogs. O serviço de personalização e enfatiza a facilidade de uso.

Eu fiz um ano passado pra ver qualera do negócio. Não agüentei por dois dias, larguei de mão. Mas retomei no começo desse ano.

E sabe que tem sua graça? Eu acho. É verdade que você pode postar textos e áudio, mas a maior parte dos tumblrs parece dar destaque mesmo é às imagens. Sobre tudo.

Você, usuário, pode criar um pra postar imagens que você curta, apenas. Ou fazer um tumblr temático. Esses, meu amigo, super bombam.

Lembro que na época do BBB10, vi o primeiro Tumblr da minha vida: o Porra, Michel, que se dedicava a trollar com humor as bobagens feitas pelo participante como pegar Tessaralha em rede nacional, por exemplo.

À época das eleições, teve o Dilma Fashion, só com montagens RYCAH da futura presidenta.

Vi o Fuck Yeah Dr Hollywood há uns meses atrás e achei muito engraçado também.

E há outros usos pro site também, uns mais comerciais, outros de humor, e até de ativismo virtual. De citações de autores também, com fotos bonitas e música triste na vibe cortauspulso também, porque não. Cartunistas ficam famosos pelo tumblr próprio, à medida que são reblogados e, assim, divulgados.

Toda uma nova forma de interação que não sei se todo mundo pode alcançar. Mas ta aí, pra quem quiser, à disposição.

É claro que isso tudo é sinal de que nossa sociedade não curte muito ler, porque prefere imagens e zzzz. É bem verdade, né. Acho que todo mundo concorda. Mas o que pega, pelo menos pra mim, é achar que é necessário tão ou mais sensibilidade pra entender uma imagem do que pra entender um texto. Eu acho.

PS: Ah sim, o meu é esse aqui. Porque Serge Gainsbourg formou meu caráter, dá licença.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Caras a tapa [ou: a noiva mais comentada do universo universal hoje]



Não adianta. Mesmo que você não goste, que você queira fugir, um exemplarzinho de revista de fofoca vai cair na sua mão mais cedo ou mais tarde. Numa sala de espera, num salão de beleza... E ainda tem os comentários das pessoas: "tu soube do a última de Fulano de Tal que tá namorando Não Sei Quem?" "Mas já separou??" Mas o pior não é o pessoal mencionando os sucedidos no mundo das "celebridades", e sim fazendo comentários os mais variados sobre os indivíduos em questão; na esmagadora maioria das vezes em tom de julgamento ou de invejinha - principalmente quando o negócio envolve os romances, separações, pegações, ficadas, chifres e afins. Nega abre a Caras e já vai dando pitaco.

Essa semana, como todo mundo já está careca de saber, está finalmente acontecendo o afamado casamento do Príncipe William com Kate Middleton. OK, é um representante da Coroa Britânica, vai ter uma nova princesa sob os holofotes e tudo isso é massa, mas falando francamente, já deu. Esse meu cansaço com relação ao assunto nem veio por conta do Globo Repórter todo dedicado aos bastidores do casório [aliás, agradeço aos habitantes do Castelo de Windsor por terem dado uma pauta ao Globo Repórter que não fosse animais e / ou problemas de saúde]. O que me deu nos nervos foi ouvir as pessoas falando de cinco em cinco minutos no salão de beleza sobre os noivos [aliás, sobre a noiva!] e dissecando cada coisinha que tivesse sido dado a conhecer via imprensa.

Como eu disse lá no comecinho, os comentários variam de tom: tem o julgamento [oportunista! espertinha! e ele queria casar? queria nada!] a inveja [essa nunca vai precisar lavar uma calcinha!] e por aí vai. Eu ouvi tudo isso repetidas vezes em uma manhã de sábado, tentando me concentrar exclusivamente na leitura do livro que eu levava [Honra ou Vendetta, de Sílvio Lancelotti] e amaldiçoando a hora em que tinha desistido de levar meus fones de ouvido junto. Porque né, nada contra fofoca de salão [e nada a favor também]. Tudo contra ouvir a mesma história sendo contada a todas as clientes que chegam.

E pensar que aquilo era nada perto do que as pessoas devem comentar por aí. Tem gente que a chama, chamou ou chamará de vaca ou [insiram aqui mais xingamentos possíveis, que eu tô meio sem ideia agora].

Mas voltando ao casamento da semana, do mês, quiçá do ano: que casem logo, sejam muito felizes e evitem os escândalos o máximo que puderem, porque ouvi tanto falar de vocês em um dia que seria bom não ouvir mais seus nomes por pelo menos cinco anos, OK?

Erm... Eu sei, tô pedindo demais.

Thanks anyway!

domingo, 24 de abril de 2011

Deserto



Era um local completamente desolado. Não havia vivalma, principalmente naquela hora do dia. Estava se aproximando do meio dia e o sol já estava castigando sua delicada pele.
Ela não sabia como havia chegado àquele lugar, só sabia que precisava urgentemente se proteger daquele sol. O sol nunca fez bem a ela, e este estava conseguindo fazer com que suas poucas forças chegassem ao limite.
A cidade parecia uma cidade fantasma. As ruas estreitas, com suas casas pequenas e vazias fazia piorar a estranha sensação de abandono que ela sentia cada vez mais forte. Ela estava procurando por alguém. Alguém que ela conhecia, mas que não lembrava nem ao menos do rosto. Mas era uma presença constante em seu pensamento e em seu coração. Ao tê-lo em seu coração as coisas pareciam muito mais fáceis.
Mas não agora. Agora quanto mais ela andava por aquelas ruas debaixo daquele sol quente, mais ela se sentia sozinha. Ela chamava por ele em seu pensamento. Chamava para tirá-la daquele inferno. Ela nunca gostara de sol, e estar perdida em um local vazio e quente – seus dois piores medos.
Uma lembrança de uma foto veio a sua cabeça enquanto ela chegava a um pequeno pedaço de sombra. Aquela lembrança estava apertando seu coração de maneira insuportável. A lembrança dele. Aqueles olhos castanhos que ao sorrir brilhavam de uma maneira que nem mesmo ele sabia. Um sorriso naturalmente encantador que ela seria capaz de ficar horas olhando pra ele. Um cabelo liso e castanho que ela mataria somente para ter a oportunidade de passar as mãos nele numa pele alva de quem não conhece o que é ficar debaixo de um sol quente.
Preciso de você...” – Era o que ela estava pensando naquele exato momento.
No mesmo instante ela encontra uma porta aberta. Ela não quis saber se era seguro ou não, para fugir daquele sol, ela entraria em qualquer lugar, mesmo em um local completamente escuro, por mais que isso a assustasse muito.
Naquela casa escura, ela foi lentamente encostando-se à parede. Quanto mais ela entrava naquele cômodo, mais ela ficava assustada e sozinha. A pior coisa pra ela era estar sozinha. Era seu maior medo.
Ficou parada, respirando forte. Ficava escutando os sons que vinham lá de fora. Esses sons eram assustadores. Vozes desconhecidas, assustadoras, procurando por ela. Ela que tinha algo que eles estavam querendo. O seu coração.
Aquele coração puro, capaz de amar incondicionalmente... Mas agora esse mesmo coração estava alquebrado, machucado, sangrando... E isso a estava tornando-a fraca, por isso ela precisava fugir dali. Se esconder, desaparecer. Ir para um local seguro. E aparentemente aquela casa escura parecia ser o local mais seguro para ela naquele momento.
Silenciosamente ela pedia socorro. As vozes aumentavam cada vez mais e ela ficava cada vez mais assustada. Ela detestava se sentir tão frágil como agora. Agora que a lembrança daquela foto permanecia em seu pensamento, ela só queria estar nos braços dele. E isso só fazia aumentar cada vez mais a sensação de fragilidade.
As lágrimas começaram a cair de seus olhos. Péssimo sinal, isso avisava que ela estava se rendendo ao desespero, o que obviamente era potencialmente problemático. Quanto mais ela chorava, mais ela se encolhia no canto daquele quarto escuro. A casa estava insuportavelmente quente, e ela estava sentindo sua garganta seca. Ela precisava de água.
Começou a lembrar dos dias de outono. Não eram completamente frios como os dias de inverno. E suas cores amareladas sempre acalmavam sua alma. Ela desejava fortemente estar em um local com um clima assim... Mas o calor estava ganhando e ela estava ficando cada vez mais fraca.
As vozes agora estavam dentro daquela casa. Fraca do jeito que ela estava não conseguiria sair correndo. Ela se escondeu o máximo que pode abaixada ao lado daquela pequena cama. As vozes cada vez mais fortes, sinal de que eles estavam se aproximando do quarto. O desespero agora era completo.
Onde você está agora? Por que não está comigo?” – Os pensamentos que ela tinha se resumiam a ele e ao som de sua doce voz. Seu doce sotaque, seu sorriso. Encostou sua cabeça em suas pernas soluçando silenciosamente pelo choro que não parava.
Estava perdendo a consciência. O calor estava ganhando. Ela não conseguiria sair daquele cômodo em segurança. Estaria entregue às mãos de seus algozes. Viu, de longe, uma luz entrando no quarto. A porta estava aberta e pessoas estavam entrando naquele quarto. Obviamente eles já haviam a avistado encostada ao lado daquela cama. As pessoas falavam, mas ela não conseguia entender o que diziam. Estava fraca demais para concentrar-se no que falavam.
Ela avistou um par de olhos quentes... Aqueles olhos... Ela conhecia aqueles olhos, mas não se lembrava de onde... Eles estavam passando tranquilidade... Mas não houve tempo para lembrar-se de onde ela o conhecia. Ao mesmo tempo em que sua consciência sumiu daquele cômodo, seus olhos se abriam para a calma, claridade e clima ameno de sua cama. Fora tudo um sonho...
Ao olhar para o lado, a foto de um tempo feliz... Que não voltaria mais! A foto dele sorrindo...

Vanessa (Lobinha).


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Aquele quando a inspiração não bateu e...

Esse verão eu decidi fazer algo diferente... err... etnerefid ogla rezaf idiced ue oãrev essE...


PORRÃN. Frase errada, gente.


O post pra sacanear com as celebridades da web fica pra próxima, e o que eu tava escrevendo desde segunda-feira também. Peço mil desculpas aos amigos tatus pelo atraso, em especial, ao insuportável Walter, que pode andar sumido do Twitter, mas continua “muito gente”, merecedor de ter o blog atualizado.


A verdade é que essa semana foi puxada. Ok, a semana ainda não acabou. Mas só esses quatro dias já valeram pelos sete. Eu, geralmente, começo a pensar no assunto do post no domingo. Mas quem disse que nesse domingo eu tinha cabeça? Tava lá, perdidaço, numa garrafa de Heineken. As idéias só entraram em ordem (entraram?) ... err... que dizer... NÃO ENTRARAM.



Mas eu tinha que botar isso aqui. E só dava pra ser aqui mesmo. Que lá no TaFun, eu meique tenho o compromisso de ser sempre engraçado, até pra não escapar da proposta do blog, contrariar o título, pá. Aliás, bonito isso de proposta, né? Eu nem sabia que tinha. Mas enfim. Faz tempo que eu escrevo. E tem neguinho aí que não sabe, porque eu sou meio chato pra mostrar texto. Muito crítico, sempre achando que tá tudo uma merda e whiskas sachê.


Mas, como eu disse no início do texto, nesse verão... dessa vez, resolvi dar minha cara a tapa. Tô anexando aí embaixo um textículo avulso, desses que eu escrevo meique como exercício, pra mais pra frente desenvolver. Ou não.

Dialogo001

segunda-feira, 18 de abril de 2011

In the sky of chocolates

Para os chocólatras, não há data nem hora para degustar o precioso doce. Qualquer desculpa tá colando: um pé na bunda, uma TPM [ou qualquer outro tipo de Tensão Pré]... Ê, chocolate! Relaxante, viciante, gostoso pra caramba.

E quando vai chegando a Páscoa, então? Ovos de chocolate, coelhinhos de chocolate, cenourinhas de chocolate e tudo o mais que tiver cacau no meio. Você entra nos supermercados ou então numa Lojas Americanas da vida e se depara com um cenário assim:


Coisa linda, hein?

Mas quando você chega aí, nesse paraíso, nesse festival de maravilhas achocolatadas de todos os tamanhos e cores, o negócio não é tão paradisíaco assim. Pelo contrário, enquanto você só quer comprar, tem aquelas criaturas forçando as portas do purgatório. Primeiro, você vê geral quase saindo na porrada por causa de brindes com chocolates dentro. Ou algo parecido, anunciado por uma moça com voz de atendente de telemarketing:

“Ovo de páscoa da iCarly, com rádio e lanterna! Últimas unidades, aqui na entrada da loja!”

São os ovos mais bonitinhos da loja. Nem precisava de anúncio pra galera se estapear, né?Crianças chorando: “ai, eu quero o ovo da iCarly, o ovo da Pucca, o ovo da Hello Kitty, o ovo do Smilinguido, o ovo do Pica Pau...” Pais impacientes arrastando os rebentos loja afora: “um ovo pequeno e caro desse? Só porque tem brinde?” Tá, tem as crianças engraçadinhas que apontam os ovos na vitrine e gritam "olha a Páscoa!".

Mas o melhor [ou não] são as mocinhas comprando ovinhos para dar aos seus respectivos boyzinhos e exigir uma compensação depois porque EU PAGUEI, EU PAGUEI CARO! Enquanto eu terminava as compras, sucedeu-se o seguinte diálogo bem perto de mim:



GAROTA 1: Se ele me der um do pequeno, vou comer o ovo dele!
GAROTA 2: Olha esse, Sonho de Valsa.
GAROTA 1: Tá caro.
GAROTA 2: Mas ele merece, né...
GAROTA 1: Merece é o papel!


Muito amor, hein? É bom que o carinha dê um ovo tamanho 50 se ainda quiser manter a namorada até o dia 12 de junho.
Suspeita-se que a GAROTA 2 fosse irmã do sujeito que ia ganhar o ovo. Ou fosse dividir a iguaria com o dito cujo.

Felizmente, apesar de todo o movimento, a fila estava bem pequenininha e saímos correndo, antes que eu caísse na tentação de pedir um ovo da Pucca a minha mãe. Minúsculo, mas com uma vela mágica de brinde e que ia me dar um arrependimento lindjo depois que eu visse que tinha mais uma tranqueira em casa...

domingo, 17 de abril de 2011

Clana - Amor clichê

O ruim de você acordar saudosista, é que você vai procurar as coisas mais clichês da sua vida. Há tempos eu não parava para pensar em Clana (Clark Kent e Lana Lang de Smallville), mas hoje, ao acordar e ver o final do VT da corrida de Fórmula 1 da China, eu automaticamente lembrei do Senna (Que não escutaria mais o hino nacional) e em todas as coisas clichês que eu já amei (E confesso que ainda amo) da minha vida. Então, pensei em postar algo sobre a série "Anos Incríveis", mas aí seria apelar demais para esse coração.
Fui ao You tube e encontrei esse fanvídeo de Clana com uma das músicas que mais repesentam o casal, e pensei... Bom pra atualizar né? Enfim, nada de texto pesados, reflexão...


Vanessa (Lobinha)

_____________________________________________________________________________



quinta-feira, 14 de abril de 2011

No Ritmo do Cordel



Ok, ok, eu disse que não falaria de novela (ou falaria o menos possível), mas não resisti. Não farei uma crítica, apenas uma brincadeira rsrs

Quando o fogo cruzou o céu,

Anunciou uma nova era

Um tempo de renovação

Acabando a grande espera



Duas mulheres corajosas

Unindo mundos diferentes

Contando uma grande história

De duas raças valentes.



Dos castelos da Europa,

Atrás de um grande tesouro

Vieram o rei e a rainha

Ignorando um mau agouro



Não acreditando na previsão

Trouxeram também a princesa

Mas vieram cercados

De gente de pouca nobreza



No sertão do Brasil

Morava um povo sofrido

Cangaceiro e coronel

Num lugarejo perdido



Uma mãe muito amorosa

Um pai vivendo da sorte

Resolveram criar o filho

Longe da luta e da morte



E as duas mulheres valentes

Juntaram essas duas histórias

De um lado a menina princesa

Do outro, o cangaceiro consorte.



Pra saber o que acontece

Nesse forrobodó armado

Só mesmo assistindo

Ao lindo Cordel Encantado


Uma pequena brincadeira com a nova novela das seis que eu adorei. Que mais produtos com essa qualidade apareçam na TV. Torcendo pelo sucesso da novela, da equipe e das autoras.

Nada se perde, não é mesmo?

Nesta semana reciclo mais um texto meu. Prometo que quinta que vem vou encontrar algo que preste como inspiração para escrever.

Vocês vão ler desta vez uma crônica que escrevi para a cadeira de Jornalismo Impresso, ano passado. Se chama "Molhado" é a minha primeira incursão no gênero então, me perdoem pelo amadorismo. Boa semana a todos!


“Será água?”, pensou espantado.

Há muito que não via uma poça líquida, naquele solo já esturricado de dias, meses. Pensava que nunca mais sentiria o tato ensopado novamente como agora.

“Vai matá a secura de tudo, meu Deus!”, disse para o Altíssimo. Sentiu algo molhado mais uma vez. Eram os olhos, encharcados como estava a mão, do mesmo líquido tão precioso. Noite alta e os pássaros da escuridão davam seus pios.

“Vou matá a secura do meu boi, dos meus filho!”, disse mais uma vez para Deus.

Espantados também estavam os cinco pequenos que haviam descoberto aquele pedaço molhado de terra no quintal de casa, antes do pai voltar de sua viagem diária em busca de água. Agora estava borbulhando diante de suas pupilas sedentas, fracamente encadeadas pelo lampião que se recostava numa cadeira perto da velha porta.

“Vou matá a minha secura!”, disse para si.

Espantada também estava a mulher que carregava um sexto pequeno no ventre, vulto de uma incerteza.

“Ninguém vai morrê. Só a sede que vai!” exclamou finalmente em voz alta, na calada da noite.

Mas aquele molhado era diferente, viscoso. Tal qual baba de quiabo. Receoso, aproximou a mão das narinas, bêbadas do perfume da seca. Um cheiro denso e desconhecido subiu no céu negro do sertão.

“Isso daqui não é água...”, piou num fio de voz, tal quais os pássaros da escuridão que se faziam mais perto. Ou mais audíveis.

Os lábios da mulher se contraíram para conter o choro que vinha. Toda a esperança tinha ido embora. Os cinco pequenos tentavam entender o que se passava. O sexto pequeno do ventre, envolto em líquidos, não se preocupava com água ainda. O desespero se apossou do homem, como a seca tinha se apossado daqueles sertões. As tantas horas, os tantos dias de procura em suas longas caminhadas pesavam como chumbo em suas costas. As pernas tremeram e logo dobraram, fazendo com que ele ficasse ajoelhado diante daquela poça densa. Quis perguntar “Por quê?”, mas nessa hora esqueceu-se Daquele Homem (agora tão distante) pra quem mandava preces todas as manhãs antes de sair.

“O que eu vô dar de bebê pros meus filho? O que eu vô dar de bebê pra minha mulhé? O que eu vou dar de beber pra eu?”, disse atropelando as lágrimas que lhe escorriam. Lambeu o rosto antes que secassem. Num gesto doido e sedento, levou os dedos a boca. Cuspiu.

“Pai, tua mão tá preta!”, exclamou o mais velho, correndo para a porta, iluminada pelo um lampião de fogo tímido.

“Argh! Nunca vi poça brotano ólho escuro!”, exclamou o homem, escarrando. Nunca mais aquele gosto amargo e negro do petróleo sairia da sua boca.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Calada Noite Preta i'll be back!

Desde o início, a gente tinha estabelecido uma regra por aqui, que era mais ou menos a seguinte: evitar AO MÁXIMO falar de dramaturgia. E vamos ser bem específicos, novelas. Pois é, e foram duas semanas discorrendo sobre assuntos absolutamente relevantes, tipo a devassidão de Sandy e a minha incursão nas artes cênicas, mas daí que o Viva me estréia VAMP e eu não consegui resistir. É assim, num estado de quase catatonia, que venho aqui falar desta irreverente trama de Antonio Calmon, que revolucionou a dramaturgia marcou toda uma geração de crianças e adolescentes.

Já foram ao ar dois capítulos, e parando pra analisar friamente a novela, você começa a se perguntar o POR QUÊ de tanto sucesso. De coração, ela é muito divertida; é verdade que tem ficado nos Trending Topics do Twitter; e é notável que há toda uma geração de pré ou pós balzacas alucinados com a reprise; mas de onde vem tanto interesse? Lá atrás, a resposta podia ser a temática. Mas tá todo mundo careca de saber que, de uns anos pra cá, os vampiros foram praticamente prostituídos... logo esvaziados. (E sim, estou falando com você, Stephanie Meyer, não vira a cara pra lá, não).


OU SEJA. Vamp poderia flopar lindamente e passar em brancas nuvens, como zil reprises por aí. Mas, pessoalmente, acho que isso não acontece por dois motivos: o primeiro, além do saudosismo, é claro... está na simplicidade da narrativa. Vamp é tematicamente ousada, mas isso é o molho; o grosso da história é levado com competência e não apresenta nada de novo. É basicamente uma(s) história(s) de amor. E aí falo do sentimento elevado à inúmeras potências, tipo a paixão de Carmem Maura e Jonas, madura, serena; a obsessão de Vlad por Natasha/Eugênia que o fez atravessar séculos atrás dela e por aí vai...


O segundo motivo é o humor... e o tom trash também, claro. Duvido muito que NINGUÉM tenha notado nos idos de 1991, quando a novela foi ao ar originalmente, o quão RIDÍCULO e OVER era assistir aqueles atores fantasiados (!) falando com dentadura de plástico; isso sem falar na teatralidade das interpretações e das próprias cenas (alguém, por favor, me explica isto):



Mas enfim... supérfluos. Honestidade? Nem os diálogos 'tatibitati' de Tiago Santiago conseguem me fazer desgostar de Vamp; muito menos as citações em demasia dos filhos de Carmem Maura (que o mordomo Eugênio de Vale Tudo já apontou no Twitter como sendo os embriões dos filhos caçulas de Jacques Leclair do remake de Ti Ti Ti - e eu concordo, rs!); porque tudo isto está revestido por uma lépida, jovial e irresistível capa de novidade; que nos remete imediatamente ao lúdico da infância. Até eu, que na época da exibição original, não passava de projeto, assistindo me sinto ingressando numa máquina do tempo e voltando, sei lá, a ter oito... nove anos...

terça-feira, 12 de abril de 2011

And I feel so freeeeeeeeeeeeee

Sabe, eu já fui muito aquele tipo de pessoa toda certinha que desprezava excessos. Na verdade, eu ainda tenho muitas ressalvas, a gente vive atrás daquela vocação pro equilíbrio que, definitivamente, não pertence ao ser humano. Mas a gente quer, né. Um dia eu faço um mix de Hilda Hilst e Odete Lara featurig Belchior, compro uma Casa do Sol, me isolo e converso com plantinhas, meditando às cinco da manhã.

MAS HOJE NÃO, RODRIGO.

O que eu estava dizendo? Ah, sim. Excessos. Pois é. Ainda fujo deles. Porém, de uns tempos pra cá, eu ando invariavelmente FASCINADO pelo kitsch.

Se me pegassem há cinco anos numa festa que toca, sei lá, BONDE DO TIGRÃO eu me sentiria mais ou menos como essa coruja.


Ou então faria essa expressão pras pessoas do local.



Entende?
Pois sim.

Hoje eu não só *aceito* a coisa como ainda me jogo dependendo do estado etílico, efusivo e tal.

Não que eu não chore mais ouvindo Bethânia, mas eu também aprendi a dancinha do TÁ DOMINADO com a Tulla Luana e, né, why not?

(Falando nisso:
0:46: VEJÃÃO!)

Enfim, né. Cês pegaram a vibe. Dance like none is watching feelings.

É claro que tudo isso configura um puta GUILTY PLEASURE, né.

Ler Caio Fernando Abreu, ouvir Valeska, ter camisas de gola V. Tudo isso é altamente questionável.. Mas é tão bom, gente!

Aqueles prazeres culposos. É como enfiar uma colher de chocolate na boca de uma anoréxica. Nega tá curtindo, nega tá se odiando por isso, mas não consegue parar.

Depois que a gente, humm, aceita a coisa... É um peso tirado fora. É como um ~~outing~~ de gostos exóticos, haha.

É claro que você também lê Sartre pra ''contrabalançar'' gostar de Manoel Carlos, por exemplo. (E se você gosta de Walcyr Carrasco, minha sugestão é ler toda a obra de Dostoiévski no original russo. Obrigado, de nada).

O que eu quis dizer é que você pode contrabalançar gosto erudito e ouvir até BELO se quiser, sabe. Ali, dividindo a playlist exótica com Villa-Lobos. O importante é ser você, mesmo que seja bizarrô bizarrô bizarrô [/Pitty].

E você, qual são seus prazeres culposos?
Leu Crepúsculo? Dança Ragatanga? Joga Colheita Feliz? Votou na Weslian Roriz só porque ela disse que era TUDO AZUL MARAVILHOSO? Conta pra gente!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sopa de letrinhas e sinais

Ou um texto sobre reforma ortográfica.

O primeiro livro de poemas que tive na vida – e, sinceramente, não tive muitos – foi herdado da minha avó materna. Era um livro bonitinho, de capa dura e, se não me falha a memória, a capa era de uma cor que muito lembrava a embalagem do desodorante Alma de Flores.

Ou seria melhor dizer Alma de Flôres?

No livro que herdei de vovó, o que mais se via era um festival de acentos circunflexos: flôres, amôres, côres, dôres... Estranhamento geral; afinal de contas, outros livros que eu já tinha lido antes – e que pareciam ser tão antigos como meu novíssimo livro de poemas old school – não tinham tal peculiaridade ortográfica que me parecia altamente desnecessária. Para mim e para o resto do mundo, visto que deram um jeito de parar com essa colocação desenfreada de “chapeuzinhos” nas palavras. Mais fácil para todo mundo.

Passou o tempo, muitas páginas foram escritas e eis que, num belo dia, a comunidade falante da Língua Portuguesa foi sacudida por uma outra reforma. Ou por uma ideia de... Que seja.

A ideia era unificar a grafia da nossa querida última flor do Lácio, eliminando os c de facto, exacto, tacto, cacto... Opa, cacto não, disfarça. E eliminar, além das letras desnecessárias, sinais gráficos desnecessários. Portanto, lá se vão os excessos de acentos agudos em palavras como ideia, colmeia e similares. O pessoal parece que não se importou muito com a derrubada dos <<´>>, mas foram mexer com o trema e aí...


Parece que um monte de gente, que aparentemente não ligava muito para os dois pontinhos que ficavam em cima de lingüiça, lingüística ou seqüestro, tomou-se de dores pelo sinal e resolveu protestar colocando-o até onde originalmente não devia estar. Afinal de contas, pobre trema, não fez nada. E era por não fazer nada que estava sendo limado da ortografia.

Escrever linguística assim, sem o <¨>, é difícil mas a gente acaba se acostumando. O problema mesmo é decorar as novas regras do hífen, que o povo deve estar maldizendo até hoje. Ante-sala ou antessala? Auto-retrato ou autorretrato? Extra-seco ou extrasseco? Inter-racial ou interracial? [o negritado é a forma correta, só pra constar]. Haja cabeça para organizar tudo isso até 2012!

Quer dizer, até 2012 para uma parte do povo, porque editor, tradutor, revisor e concurseiro já tá fritando a matéria cinzenta desde que saiu esse bendito novo acordo.

Se isso vai ser bom mais pra frente? Vamos perguntar daqui a um tempo às crianças que vão ser alfabetizadas com essas novas regras. Um dia alguém há de pegar um livro publicado há uns cinco anos, olhar uma palavra grafada com trema e fazer a mesma cara de “hein?” que eu fiz para o livro de poemas que herdei de vovó. Ou não.

Em tempo: para saber mais sobre o acordo, confira o http://www.reformaortografica.net/ ;)

sábado, 9 de abril de 2011

Que Mundo é esse?

Que mundo é esse?
Infelizmente eu não irei comentar sobre a música da Legião Urbana que embalou multidões na década de oitenta.

O que acontece é que eu ainda estou tentando entender o que está acontecendo ao mundo nos últimos anos. A década de 2000, surgiu como uma década marcada pelo avanço da tecnologia, mas também pelas constantes notícias de que crianças armadas invadiam seus colégios matando seus amigos.

Gostaria que tais coisas estivessem longe do Brasil, e estavam até quinta-feira dia sete de abril de dois mil e onze. Eu não sei o que assusta mais, se são crianças matando seus próprios amigos, ou se é um homem completamente desequilibrado e com treinamento militar invadir uma escola e matar mais de 20 pessoas – crianças – inocentes.

O que está acontecendo com essa juventude? Será que todo esse protecionismo exagerado está estragando toda uma geração? São jovens que matam os pais, avós, amigos, primos ou quem der o azar de aparecer na sua frente. Lembro-me da minha época de colégio, nós queríamos brincar de queimada (Ou cemitério dependendo de onde você cresceu), discutir sobre o novo trabalho de bandinhas infantis. Quando escutávamos alguma notícia relacionada a armas, era porque algum pai descuidado deixou seu filho brincar com ela.

Pessoas senis que invadem uma escola procuram meticulosamente determinada série (Ou ano, como preferir), espera todos os alunos entrarem e começar a rajada de tiros era uma coisa que só víamos em filmes, e daqueles de terror que os pais insistiam em impedir que víssemos.

Seria o final dos tempos, meu Deus? São crianças. Todos nós sabemos que as crianças tendem a ter um grau de crueldade alto, pois elas usam de maneira exagerada sua sinceridade, mas cometer tais atos? Isso é patologia.

O que assusta mais é a forma premeditada como esses crimes são cometidos. Aqueles dois rapazes nos Estados Unidos, por exemplo, passaram dois anos planejando a forma brutal que eles iriam invadir a escola, e o ataque só não foi pior porque as bombas que eles haviam fabricado, falharam. BOMBAS! Eles deveriam estar tentando passar mais uma fase do Mário e não fabricando bombas.
Então, todos começam a querer buscar justificativas para o injustificável... “Mas ele era alvo de bullying”. Bullying – palavra nova adotada que significa que crianças também podem ser preconceituosas. Se formos puxar pela memória, todos nós, algum dia na vida, sofremos tais abusos, seja no colégio, seja na vida. Mas nem por isso as pessoas saem às ruas atirando na primeira pessoa que passar à sua frente.

Eu mesma fui alvo de bullying, pasmem, por um professor de história do Brasil quando estava na quinta série (Acho que hoje seria o equivalente ao 4° ano) – Ele entrava em sala chamando seus alunos de burros, para falar o mínimo. E nem por isso ninguém da minha turma entrou no colégio com uma arma e saiu atirando nos professores ou colegas. No meu caso, aconteceu de eu repudiar História do Brasil e querer mostrar pra ele o que realmente significa SER professor.

E o que mais tem chamado atenção (Caso não tenha é melhor começar a chamar) é que em sua maioria, os autores desses atos são homens. Seria isso uma característica do cromossomo “Y”? Ou os meninos são mais tendenciosos a cometerem atos desesperados por não saber controlar suas emoções? De qualquer forma é assustador. Assustador e preocupante.

O que eu estou querendo dizer é que não há justificativa para o injustificável. O que existe são pessoas desequilibradas, loucas de todo gênero, matando. E para isso não há cura! E ainda não inventaram próteses para um filho morto brutalmente.

E quanto à segurança? Você deixa seu filho no colégio, vai para o trabalho certo de que ele está seguro numa continuação de sua própria casa. Mas aí, uma, duas horas depois você recebe um telefonema do IML (instituto Médico Legal) avisando que você tem que comparecer ao local para o reconhecimento do corpo do seu filho. Agora, imitando um pouco um ator “Han? Quê?”... Você pensa, “eu deixei meu filho na escola não em um campo de guerra.”.

Se nem mais as escolas, as crianças estarão seguras, onde mais?

Vanessa (Lobinha)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Destruição de um Mito

Eu passei a semana neurótico por um tema, e ele fazia o maior sentido do mundo, até o fim da tarde de ontem. Estava no Twitter, por volta das quatro e meia, quando vi surgir na minha timeline quatro retweets indignados de pessoas que, como eu, cresceram ouvindo Dig Dig Joy, Maria Chiquinha e acreditando que a Sandy era a última virgem do pedaço. Caramba, nós nem nos refizemos direito do bruta choque que foi a campanha da Devassa e agora já recebemos outra paulada da vida? Definitivamente, não estávamos preparados para ouvir isto da boca da nossa imaculada virgenzinha:



Poxa, Sandy, um dia desses cê tava lá, do lado do teu irmão, o Durval (é Durval?), cantando A Horta, cheia de janelinha na boca e agora me aparece dizendo que é FODA no internet. Como, gente? C-O-M-O!? Se nós nem nos recuperamos ainda da idéia de que você sabe beijar?

Sério, fica o apelo. Você, entidade do mal que se apossou da nossa querida, eterna e casta Estrela Guia (?), por favor, nos a queremos de volta em perfeitas condições. Sem essas falhas humanas, de xixi e peido. Queremos Sandy como ela é era: pura e alheia à essas sujeiras.

***

RESPOSTA DE SANDY AO TEXTO: