segunda-feira, 29 de março de 2010

Será mesmo o fim?


Na próxima terça-feira, chega ao final mais uma edição do Big Brother Brasil. Confesso que não é um programa que assista com frequência e não vai aqui nenhuma crítica pseudo intelectual, só não tenho muita paciência mesmo. Curiosamente, dessa vez resolvi acompanhar desde o início. Pelo jeito, não só eu. Num primeiro momento, achei que seria a edição menos interessante de todas. Era um grupo fraco, que não aparentava saber o que estava fazendo ali e, perdoem a minha falta de elegância, um dos mais privilegiados com a falta de inteligência. Ninguém ali entendia nada do que estava acontecendo.
Sempre disse que os participantes do Big Brother jamais haviam entendido a real proposta do programa, uma proposta muito simples, a de conviver. Sem tramas, sem jogos artificiais, sem personagens, apenas conviver. Chegando ao final da décima edição, percebi que esse grupo, ao qual eu tinha tantas restrições, foi o único que fez o que eu tanto queria: Eles conviveram.
No Big Brother Brasil 10 não existiram heróis nem vilões, não existiram grandes armações. O que existiu ali foi um grupo que vivia as suas emoções sem medo. Por isso brigavam, por isso choravam, por isso mudavam de idéia e também de grupo. Eles se deixaram levar pelos sentimentos, que ali dentro, devem ficar elevados a todas as potências. O público percebeu isso, se apaixonou e se entregou ao programa de uma forma que eu nunca tinha visto. O Brasil se dividiu, assim como o grupo dos confinados e viveu as mesmas emoções que eles. Talvez tenha vivido mais.
E é aqui que entra a maior discussão do BBB 10. Não, não estou falando de homofobia, nem na guerra santa que o programa virou. Estou falando de algo mais subjetivo, de cidadania. Esse foi o grande tema do programa.
Enquanto eu assistia às duas torcidas se dilacerando, enquanto os amigos brigavam por tomar posições opostas, enquanto a "violência virtual" se tornava cada vez maior, pude notar que, pela primeira vez, em muito tempo, via as pessoas defendendo com paixão uma coisa chamada "direito individual". Uns brigavam pelo direito de ser diferente, outros pelo direito de não gostar de ser diferente e outros pelo direito de poder escolher um lado sem precisar ser ofendido ou agredido. Era um exercício de cidadania. Claro que, num clima passional, as pessoas erram, exageram, se deixam levar, mas o foco da questão, embora talvez o público nem tenha percebido, era esse.
Enquanto o BBB 10 era transmitido, começava o julgamento do caso Nardoni. Muitas pessoas acusaram o público de se interessar mais com o programa do que com a realidade, que isso era uma demonstração da alienação dos brasileiros, etc, etc. Vejo isso como mais uma crítica rasa dos pseudo intelectuais que citei no início, que não gastaram um tempo de sua vida para ver e compreender o que estava acontecendo. O que é mais importante para um país, o resultado de um julgamento que não nos afeta em absolutamente nada enquanto população ou a capacidade do povo de discutir temas de cidadania? O que, no final das contas, vai funcionar como elemento de mudança no pensamento e nas atitudes de todos nós? Posso parecer cruel falando isso e até mesmo ser mau compreendido, mas peço que reflitam com carinho sobre o que disse. Ah! Eu aceito que discordem do meu ponto de vista rsrs
O movimento criado pela décima edição do Big Brother talvez não sirva para nada, talvez tenha sido um fenômeno isolado, mas que demonstrou a capacidade e o interesse que o público brasileiro tem de questionar, debater e lutar por coisas que nós acreditávamos que ele não fosse capaz. É uma esperança de que outros temas, de maior relevância, sejam discutidos pela população, quem sabe com essa mesma paixão.
E quem diria que toda essa discussão começou por causa de um Big Brother. Por essa, os pseudo intelectuais não esperavam.